Advogado argentino promoveu campanhas dizendo que as medidas de isolamento eram “uma tentativa do governo de Alberto Fernández de reinstalar o comunismo e atentar contra as liberdades individuais”. Ele escondeu os sintomas da doença até os últimos instantes de vida
Ángel Spotorno |
Victor Farinelli, Revista Fórum
O fato em si não é tão novo já que aconteceu no dia 16 de junho: o advogado aposentado Ángel Spotorno faleceu aos 74 anos, em Buenos Aires. A notícia por trás do fato, porém, só se descobriu neste domingo: a causa da morte foi falência pulmonar causada pela infecção de covid-19.
E isso é notícia porque Spotorno foi um dos principais líderes dos protestos anti-quarentena na Argentina, realizados durante o mês de maio.
Apesar de pertencer ao grupo de risco, devido à idade, o aposentado era visto frequentemente nas pequenas marchas que realizava nos fins de semana perto da Casa Rosada (sede do governo argentino) para protestar contra as medidas de isolamento, e também em outros eventos que organizava através das redes sociais.
“Dos 90 dias que passamos entre o início da quarentena e a sua morte, creio que ele passou ao menos 85 fora de casa”, afirma sua prima, Marita Riera
Spotorno era macrista fanático e, em suas publicações nas redes sociais, acusava o governo de Alberto Fernández de “querer usar as medidas de isolamento para reinstalar o comunismo na Argentina e atentar contra a liberdade das pessoas”.
No entanto, sua prima conta, em entrevista para o meio local Infobae, que “um dia eu disse a ele que não entendia porque ele fazia isso sabendo que a maioria das pessoas apoiava as quarentenas. Me dava tanta raiva aquela postura que eu disse de brincadeira que antes de ficar doente, ele tinha que deixar uma nota dizendo que abria mão de um leito de UTI porque não acreditava no vírus”.
A morte de Ángel Spotorno aconteceu subitamente. Ele foi encontrado morto em seu apartamento por uma equipe médica. A filha dele chamou a emergência depois de passar vários minutos tocando o interfone sem receber respostas.
Após os legistas confirmarem que sua morte foi causada pelo coronavírus, alguns familiares acreditam que o aposentado escondeu os sintomas para não ter que admitir que estava com a doença.
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