"É uma submissão tão explícita, que deveria até envergonhar”, indignou-se o ex-chanceler, em entrevista a Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. “Qual o objetivo de explicitar tanto esta relação?”, indagou


(Foto: Brasil247 | ABr)
Celso Amorim: a caça às bruxas no governo Bolsonaro
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia - Com um misto de incredulidade e indignação, foi como reagiu o embaixador e ex-chanceler, Celso Amorim, à atitude de Jair Bolsonaro, ao participar de almoço de comemoração da independência americana, no dia 4 de julho, na embaixada daquele país, em companhia do embaixador dos EUA. Tal como o governador do Maranhão, Flávio Dino, Amorim também cita o artigo 4º da Constituição Federal, para apontar “crime de responsabilidade” na atitude de Bolsonaro. E, como agravante, cita o fato dele estar acompanhado da equipe de ministro militares – incluindo o ministro da Defesa, Fernando Azevedo -, do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), além do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.


O embaixador lembra que “o artigo 4º fala do relacionamento internacional. O primeiro parágrafo é precisamente sobre a independência nacional”, sublinha. E prossegue: “veja bem, não teria nada demais ele fazer uma visita em um tempo que fosse normal, se ele visitasse outras embaixadas também. Cada presidente tem lá uma escolha. Agora, ir com aquela equipe toda, em um ambiente desfrutável, de estar confraternizando… Só faltou comer melancia com sal e pimenta para se identificar mais lá com os norte-americanos”, ironizou.

Celso Amorim destacou outro ponto altamente condenável, na atitude de Bolsonaro: “junta isto, com a bandeira dos Estados Unidos, com a de Israel, do lado dele… Eu, no plano simbólico, acho que os militares dão muita importância, não é uma coisa boa. Não é uma coisa boa estar lá com os ministros militares, com o ministro da Defesa, ministro das Relações Exteriores… Gente, é uma submissão tão explícita, que deveria até envergonhar”, reage, demonstrando o seu grau de indignação.

Intrigado, Amorim se pergunta: “qual o objetivo de explicitar tanto esta relação?”, para logo emendar: “Não sei. É para agradar alguém. Deve ter alguém que vê e ache que isto está bem. Eu sinceramente não consigo compreender o que é que isto traz de ganho para o próprio governo, junto a uma parte considerável, inclusive uma parte conservadora, que gostaria de ver pelo menos uma certa decência nas ações e nas imagens”.

Visivelmente constrangido com a situação, nada usual nas relações internacionais, o chanceler termina buscando num dito chinês, o resumo para tamanha vergonha: “como dizem os chineses, uma imagem vale mais do que mil palavras, então, eu não preciso dizer mais nada”.


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