Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer armar a população — e está conseguindo. A Sputnik Brasil ouviu um especialista para discutir os impactos de ter uma população com maior acesso à armas de fogo.


Bolsonaro buscou ampliar sua política armamentista com ao menos sete decretos, um projeto de lei e duas portarias, indica reportagem do Nexo Jornal. Quatro destes decretos terminaram derrubados. Ainda assim, o acesso às armas foi ampliado no país. Armas que eram de uso restrito, como pistolas 9mm, .40 e .45, agora podem ser compradas pela população e o limite de armas e munições que podem ser compradas por atiradores e caçadores foi ampliada.

O presidente da República também já revogou portarias do Comando Logístico do Exército que buscavam fiscalizar e controlar a venda de armas e munições. O Ministério Público Federal abriu investigações sobre o episódio.

Levantamento do Fantástico mostrou que apenas em 2020, 130 mil novas armas entraram em circulação no país.

"Discordo completamente dessa liberalidade que o presidente Bolsonaro vem adotando em relação à facilitação de acesso às armas e muita munição nas mãos da população", afirma à Sputnik Brasil o coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva.

De acordo com o Atlas da Violência, 65.602 homicídios aconteceram no Brasil em 2017 e 75,5% das vítimas eram negras e e 72,4% destes crimes aconteceram com armas de fogo.




O custo de ter uma arma, diz Silva, também é um fator que costuma ser esquecido nas discussões e alimenta a "ilusão" de que uma população mais armada estará preparada para lidar com a violência. O ex-secretário Secretário Nacional de Segurança Pública do governo de Fernando Henrique Cardoso diz que o dono de uma arma "deve estar preparado para matar alguém, armas foram feitas para matar" e que até mesmo policiais vacilam em situações extremas.

"O fato é que o Brasil com mais armas, nós teremos mais armas desviadas, as armas passarão a ser mais um foco de interesse de criminosos, eles não se importaram se a população estará mais armada ou não, para eles é simplesmente é mais um motivo assaltar uma casa, uma pessoa com a possibilidade de ter uma arma que tem muito valor na mão do criminoso", avalia Silva em entrevista à Sputnik Brasil. "Como as armas acabam sendo desviadas de alguma forma, por furto, roubo ou perda pura e simplesmente, essas armas vão armar a mão dos criminosos."

Já o físico e ativista Paschoal Spera defende o porte de armas "desde que respeitados alguns requisitos básicos como os que já existem hoje" e diz acreditar que uma arma pode ser um fator que afasta assaltos. Ainda assim, diz Spera em entrevista à Sputnik Brasil, apenas a polícia não resolverá o problema e é preciso o "compartilhamento de informações entre as policias, políticas sociais como emprego e renda, educação e saneamento" para diminuir a violência no Brasil.




Sputnik Brasil

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads