Em documento datado de 1802, médico britânico Edward Jenner elogia o trabalho de John Glover Loy que justificou suas ideias sobre as origens da varíola que atinge animais
Foi no interior da Inglaterra, em 14 de maio de 1796, que o médico Edward Jenner realizou o experimento que introduziria o termo “vacina” ao dicionário da humanidade: o britânico inoculou em um garoto de 8 anos um líquido retirado da lesão de uma mulher que havia sido infectada pela “varíola bovina”. Jenner tinha observado que as ordenhadoras não contraíam a varíola humana se antes já tivessem adquirido a versão que afeta o gado, que era mais branda e não causava bolhas de pus na pele. Estariam protegidas?Apesar de polêmica na época, a teoria do médico estava certa. A aplicação de injeções no pequeno James Philipps fez com que ele não contraísse a doença e, assim, nasceu o conceito de vacina.
No último dia 16 de junho, uma carta de 1802 escrita por Edward Jenner ao também médico John Glover Loy foi leiloada no Reino Unido por 7 mil libras (R$ 47.960, na cotação deste 26 de junho). Quatro anos antes, Jenner havia publicado um estudo inovador sobre o uso do vírus da varíola bovina para proteger contra a enfermidade em humanos. Na carta nunca publicada, ele elogia o trabalho de Loy que justificou suas ideias sobre as origens da varíola que atinge os animais.
“Não conheço nenhuma produção sobre o assunto da vacina que me tenha proporcionado mais satisfação, desde que foi apresentada ao público pela primeira vez, do que a sua”, escreveu Edward, acrescentando que a nova pesquisa “efetivamente pôs um ponto final nas zombarias daquelas pessoas de mente pequena que pensam ser impossível tudo que não vem dentro da estreita esfera de sua própria compreensão.”
Em um estudo citado pela casa de leilão Dominic Winter Auctioneers em seu site, pesquisadores dizem que um fato pouco conhecido é que o próprio Edward Jenner acreditava que a proteção contra a varíola presente nas lesões de varíola bovina, na verdade, derivava de uma doença dos cavalos conhecida como 'graxa'. Segundo o site Smithsonian Magazine, a pesquisa de Loy determinou que as pessoas infectadas com graxa exibiam os mesmos tipos de lesões que as expostas à varíola bovina e também recebiam proteção contra a varíola que atinge humanos.
“O trabalho de Loy não estava de acordo com a hipótese original de Jenner, que exigia que a matéria do cavalo fosse modificada pela primeira vez por uma passagem na vaca antes que pudesse funcionar totalmente como um preventivo da varíola”, escrevem os autores José Esparza, Livia Schrick, Clarissa R. Damaso e Andreas Nitsche na pesquisa. No entanto, Jenner considerou que o trabalho de Loy provava suas primeiras afirmações sobre a origem da vacina em cavalos, embora nunca tenha adotado a teoria em suas publicações.Ainda segundo o estudo, divulgado em 2017 no periódico Elsevier, a confirmação da hipótese da varíola equina foi feita por Luigi Sacco, médico italiano responsável pela introdução precoce e uso generalizado da vacinação no norte da Itália. “Numa carta de Sacco a Jenner, datada de 25 de março de 1803, ele explica que, depois de ler o livro de John Loy, foi encorajado a continuar seus próprios experimentos para tentar obter a vacina de cavalos com graxa”.
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