Fernando Brito
Pode até não faltar energia em quantidade suficiente para o país até novembro, quando volta o período de chuvas.
E bastam os números do próprio ONS para demonstrar isso.
No Boletim de Operação de 15 de junho de 2020, relativo à véspera, com os níveis de armazenamento das represas do Sistema Integrado Nacional nas regiões Sudeste e Centro Oeste (70% do total do país) era o equivalente à produção de 110.245 Megawatt mês.
No dia 1° de novembro, havia água equivalente a 48.232 MWmês. “Gastou-se”, portanto, 62 mil MWmês para produzir energia nesta parte do período seco.
Hoje, segundo os dados de ontem do ONS, são apenas 62.371 MWmês acumulados.
O saldo previsível, ainda que o consumo não crescesse nada, seria ZERO.
Ocorre ainda que, quanto mais baixo o nível dos reservatórios, a partir de certo ponto, gasta-se mais água para produzir a mesma quantidade de energia, porque cai a pressão sobre os rotores das turbinas.
Estamos absolutamente à mercê dos céus: se o regime de poucas chuvas dos próximos cinco meses for apenas um pouco pior, não há manejo de energia que resolva o problema.
Há muita coisa inexplicável, até mesmo o fato de que as paradas programadas de manutenção de Angra 2 – que vai até julho – tira uma quantidade preciosa de energia do sistema nesta época de sufoco e já poderia ter sido, progressivamente, deslocada no tempo.
Falta chuva, sim, mas falta planejamento e políticas de otimização de nossa capacidade operativa.
E agora, com este absurdo de privatizar a Eletrobrás num período de crise, induz a fazermos um processo cheio de “jabtis”, para satisfazer interesses empresariasi e regionais, como a briga pelo nível mínimo da represa de Furnas.
Esta história de remanejo dos horários de consumo industrial para fora dos períodos de pico é, como se diz na gíria, “cascata”. É caro de fazer e vai pedir subsídios que vão recair sobre os consumidores familiares e comerciais, que não podem escolher, vão pagar em suas contas de luz.
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