Publicado no Blog do Moisés Mendes
Bolsonaro está fazendo a penúltima jogada com a entrega de todo o governo ao Centrão. Se não der certo, salta fora, porque não há mais como contar com os militares.
Os militares querem emprego no governo, não querem (e não têm) um projeto de país e nem querem um golpe. Um golpe é serviço pesado e para poucos.
Na Bolívia, os militares golpistas de 2019 estão na cadeia. Todos foram encarcerados, os civis, os generais e os policiais que empurraram os militares para a trama contra Evo Morales.
O negócio dos militares é blefar e segurar as pontas até a definição de candidaturas viáveis para essa terceira via ainda imaginária.
O golpe é o blefe que vai sendo empurrado de forma intermitente. Bolsonaro e os militares passam a viver do blefe, que já deve ter cansado até os blefadores.
Mas, se a entrega do governo ao Centrão é o penúltimo lance, qual seria o último? É a aposta total, absoluta, nos pobres e no Bolsa Família.
Bolsonaro fará o maior, o mais espetacular Bolsa Família, com renda mínima de R$ 300. E o número de famílias beneficiadas saltará de 15 milhões para 22 milhões.
Até a octaneta de Borba Gato irá receber Bolsa Família. Com que dinheiro? Bolsonaro, Ciro Nogueira e Paulo Guedes vão arranjar.
Bolsonaro quer os pobres e o Nordeste, porque só eles podem salvá-lo. Se não der certo, se o Centrão ameaçar abandoná-lo e se não conseguir manter o blefe do golpe e a farsa da urna fraudada até as vésperas da campanha, saltará fora.
Não é uma jogada à la Jânio Quadros. Bolsonaro está pode mesmo estar se preparando para abandonar tudo e deixar os militares dependurados no arame farpado.
É uma situação impensável para 6 mil fardados. Bolsonaro pode ficar sem discurso, sem apoio, sem partido e sem mandato, e os militares podem ficar sem o hospedeiro.
Os filhos de Bolsonaro, sem o pai no poder, serão apenas milicianos eleitos.
Terão, como sempre, milhares de votos, mas serão apenas isso: membros da milícia com muitos votos, mas sem o suporte do pai, do governo e dos militares.
Preparem-se para o momento em que Bolsonaro irá anunciar que saltou fora, por vários motivos, incluindo a fragilização física.
Teremos vaga na liderança da extrema direita muito antes do que se pensa, porque Bolsonaro não terá serventia nem como voz da oposição.
O cenário todo, a partir da CPI do Genocídio, é de cerco a Bolsonaro por todos os lados. Nada é improvável quando o personagem é Bolsonaro.
O sujeito resiste do jeito que dá, lutando com um toco de canivete, para ganhar tempo e pensar como poderá largar tudo.
São escolhas que o sujeito terá de fazer. Salta fora, anunciando que foge de uma possível fraude (mas fica marcado como covarde), ou fica até o fim, leva 7 a 1 de Lula e vira um traste inútil para a direita e a extrema direita.

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