Fernando Brito

Jair Bolsonaro, em outra daquelas costumeiras tentativas de ameaçar com o caos se não for atendido nas suas vontades, soltou hoje mais uma “pérola”.

Disse que , se o Supremo Tribunal Federal recusar o chamado “marco temporal” para impeditivo para a demarcação de terras indígenas, “o preço de alimentos vai disparar ” e que o mundo ficará em situação de “desabastecimento”.

O argumento é ridículo, porque insinua que, num estalar de dedos, os indígenas vão ocupar todo o território brasileiro, sob o argumento de que era deles em 1.500.

O processo de demarcação de terras indígenas é exigente, complicado, admite o contraditório e tem os limites definidos pelo próprio Governo Federal, através do Ministério da Justiça, e indeniza benfeitorias realizadas de boa fé, excetuando apenas as realizadas em invasões deliberadas e conscientes de áreas ocupadas pelos índios.

Ridículo e sórdido, porque há 488 anos sendo caçados a bala e facão, quantos puderam resistir dentro das áreas em que viviam?

Quem quiser saber mais sobre isso deve ler a reportagem de William Helal Filho, em O Globo, onde ele narra o massacre do povo Laklãnõ-Xokleng, chacinado por “brugreiros” – pistoleiros contratados por fazendeiros – que lhes cortavam a faca as orelhas para servirem de “prova” do número de indígenas abatidos.

São os Laklãnõ-Xokleng, um dos povos que estão no caso em julgamento no STF, não para ter as todas as terras que eram suas eram suas há milhares muitos séculos, mas apenas para ver restaurada a área de 37 mil hectares decretada durante o Governo FHC , em lugar dos 14 mil hectares demarcados em 1965, durante a ditadura, quando sequer podiam ser ouvidos.

Quem sabe o presidente vá às suas lives dizer que é deles a culpa da feira andar tão cara e do mercado estar um absurdo?

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