Fernando Brito
Tijolaço
3-4 minutos

Deve estar difícil – embora seja absolutamente necessário – conter a euforia nos círculos mais próximos ao ex-presidente Lula.

Não só porque era difícil imaginar um resultado tão folgado na pesquisa Datafolha que lhe deu 2 pontos de vantagem no 1° turno e 25 num 2° turno, quanto porque ele vem no momento final da definição de alianças e apoio para a eleição que, não custa lembrar, está a apenas 4 meses, o que é a hora de entrar no barco como aliado. Depois é aderente.



Mas também porque se acumulam um série de outros fatores positivos: suas intenções de voto crescem forte (cinco pontos na pesquisa estimulada e 8 na espontânea), seu principal adversário fica estagnado, com pouca elasticidade nos ganhos da espontânea para a estimulada e desta para a de segundo turno (sugerindo um esgotamento de suas fontes de voto), a rejeição cai a 33%, o menor índice entre os registrados nos últimos anos e não surge nenhum candidato em posição intermediária que pudesse servir de alternativa de voto antibolsonaro.

Como e época de seu casório, bem se pode dizer que o ex-presidente está em lua de mel também com a pesquisa Datafolha.

Se Lula vai bem na questão eleitoral, foi melhor ainda o resultado para as questões “não-eleitorais” da eleição: é uma ducha de água fria nas tensões golpistas promovidas por Jair Bolsonaro. O discurso de que o tal “Datapovo” lhe daria vantagem e que as pesquisas apontavam um favoritismo inexistente de Lula foi por terra para qualquer pessoa com um mínimo de racionalidade, embora não seja este o caso do núcleo mais fanático de apoio ao atual presidente.

Alegar fraude numa eleição com favoritismo tão grande é impossível e pretender “melar” um processo eleitoral em que a grande maioria das estruturas políticas está disputando – anulá-las seria anular a vitória de todos os eleitos – é virtualmente impossível. No segundo, preservando os mandatos já conquistados de todas as forças políticas seria, na tese golpista, muito mias fácil.

E, por último, há o inevitável magnetismo do favorito, bem expresso na frase popular do “não vou perder o meu voto”. Ciro, especialmente, vai ter de se ver com esta questão, porque ela independe de campanha por “voto útil”. É uma tradição que todas as eleições confirmam: candidatos menores, que não vêm em tendência de alta tendem a murchar na reta final. Ciro sabe disso: em 2002 tinha 28% em fins de julho, 20% no final de agosto e terminou a eleição com 12%.

O resto é cuidado, porque os ódios são imensos, destes de revirar o lixo à procura de intrigas.

tijolaco.net

 

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