Bolsonao discursa na ONU em 2021 - Foto Alan Santos/PR

Bolsonaro não tem mais muito a fazer por aqui. Seu arsenal de passes de mágica parece esgotado, e sem produzir o efeito desejado.


Helena Chagas
osdivergentes.com.br
3-4 minutos

É até possível compreender que um presidente candidato à reeleição vá a New York fazer o discurso de abertura da sessão anual das Nações Unidas, que sempre cabe ao Brasil. Lá, Jair Bolsonaro terá uma exposição obrigatória, que dificilmente lhe renderá votos mas, a depender do tom mais ou menos equilibrado do discurso, poderá ter algum efeito positivo sobre setores ainda indecisos do establishment. Já a ida aos funerais da Rainha Elizabeth II parece ser mais falta do que fazer em Brasília do que qualquer outra coisa.
Rainha Elizabeth II – Foto Instagram/Buckingham Palace/Reprodução

Por mais que parte do eleitorado brasileiro simpatize com a recém-falecida soberana britânica, ver Bolsonaro de papagaio-de-pirata em seu velório não deverá alterar a ordem das coisas no processo eleitoral.

Seria bem capaz, ao presidente da República, que ganhasse mais votos se fosse, por exemplo, a um comício em, por exemplo, Pindamonhangaba (SP), no dia 19, em vez de estar em Londres, disputando uma janela de imagem com dezenas de chefes de Estado e de governo de todo o mundo.

Por que então, a poucos dias das eleições, Bolsonaro vai gastar no mínimo quatro dias de campanha (ida, volta e ao menos um dia em cada lugar) em viagem ao exterior? Porque não tem mais muito a fazer por aqui. Seu arsenal de passes de mágica parece esgotado, e sem produzir o efeito desejado.

Discurso de Bolsonaro no 7 de Setembro, em Brasília – Foto Reprodução

Mesmo depois de injetar bilhões na veia do eleitorado e transformar o 7 de setembro em comício usando a máquina pública, o presidente obteve apenas uma variação positiva modesta na margem de erro, segundo revelou o último Datafolha. E não há fatos novos no horizonte – salvo o imponderável – que possam alterar de forma significativa esse quadro.

Ex-presidente Lula – Foto Guilherme Santos/PT

Nos vinte dias que ainda restam de campanha, Bolsonaro deixará sua equipe de TV buscando formas de atacar Lula para aumentar sua rejeição. Ao mesmo tempo, conta com a valiosa colaboração do establishment e da mídia para assegurar a realização do segundo turno. E pode sair flanando por aí.

Alguém devia avisá-lo, porém, que tirar casquinha política de velórios pode não dar certo. A imagem do presidente nos funerais da rainha poderá simbolizar, aos olhos de muitos brasileiros, o enterro de quase quatro anos muito difíceis para o país.

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