Fernando Brito

A ida de Lula ao Complexo do Alemão, no Rio, faz com que eu recorde histórias do passado.

Ali, na comunidade de Nova Brasília, trecho que ficava junto de uma hoje desativada fábrica da Coca-Cola, na Avenida Itaóca, em 1978, montamos, num “segundo andar” da casa de um companheiro, um comitê de campanha de um deputado dos “autênticos” do velho MDB, Délio dos Santo.

Eu, na hora da volta dos trabalhadores para casa, subindo a ladeira principal de acesso, ia para a janela, fazer os discursos empolgadíssimos (e, na época, temerários) contra a ditadura militar.

Num deles, fui me apoiar na esquadria de alumínio da janela e, desgraçadamente, algum fio desencapado encostou nela e levei um “choque” destes de ver um relâmpago azul e cair para trás, sem outra consequência de ficar uns minutos sem saber quem era ou onde estava.

Claro que, na época, já havia criminalidade por ali – Nova Brasília, depois, chegou a ser considerada um dos lugares mais problemático do Complexo do Alemão – mas cito o caso para frisar como, na questão da retomada dos territórios do crime organizado (seja o tráfico ou as milícias) há duas armas poderosíssimas: a cultura e a política.

São elas que nos dão, mais que tudo, a ideia de que somos livres e, sem ela, acabamos por nos submeter à opressão, palavra da qual gostam tanto os inimigos da liberdade.

Não se pode deixar que o fuzil, o “caveirão” e as balas sejam a linguagem com que o Estado se relaciona com milhares, milhões de brasileiros que vivem em comunidades como as do Alemão, numa política fracassada de confrontos de guerra, que deixam muitos mortos e nenhum resultado.

Por isso, com direito ao passeio nas memórias com que enfadei os leitores, vou acompanhar a passagem de Lula pelo Complexo do Alemão, com direito a ter saudades do garoto de 19 anos que não se esquece fácil de quem é, nem de onde está.

Como o povo do Alemão também não esquece quem é e quem vai cuidar dele é ele mesmo, lutando por seus direitos e foi o que disse a Lula, pela boca de suas lideranças comunitárias.

Acompanhe, ao vivo a caminhada e assista a conversa com a comunidade, que acabou há pouco.







Tijolaço

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