Foto: Júnior Lima
Foto: Júnior Lima

Foram três dias de comercialização, Cultura Popular e sabores vindos da luta pela terra


Fernanda

Por Rafael Soriano
Da Página do MST


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) encerrou neste domingo, 04/12, o Festival da Reforma Agrária, evento que anuncia e antecipa a próxima Feira Nacional da Reforma Agrária, que deve acontecer em São Paulo em 2023. Foram cerca de 30 toneladas de produtos comercializados por um contingente de mais de 100 feirantes. A cada dia, passaram pelo Galpão do Armazém do Campo, que abrigou o Festival, uma média de 5 mil pessoas.

“Estamos encerrando neste dia 04 o Festival da Reforma com muito sucesso. Foi um verdadeiro festival, que contou com mais de 15 mil pessoas passando por aqui, mais de 30 mil quilos de produtos expostos e comercializados por 100 feirantes em 32 pontos de venda. Isso sem falar dos espaços da Culinária da Terra, das oficinas e seminários, dos atendimentos do Setor de Saúde e da vasta programação de Cultura”, se alegra Josiane Lima, da coordenação do MST.

Berinjela, cebolinha, couve, coentro, escarola, açafrão, queijos, iogurtes, cachaças, café, licores, conservas, pães, bolos, banana, sucos, salames, leite em pó, molhos de tomate e muitos outros produtos da Reforma Agrária foram as atrações principais do Festival. “A produção que veio pra esse espaço, na nossa perspectiva, é uma ‘mostra’ e uma iniciativa em preparação para a Feira Nacional da Reforma Agrária de 2023, que vai acontecer aqui em São Paulo”, anuncia Josiane, da coordenação do Festival.

Para o MST, realizar as feiras e o Festival da Reforma Agrária é uma forma de sintetizar para quem vive na cidade as diversas dimensões que se vive no campo. O Movimento celebra esta unidade entre campo e cidade com muita arte e poesia, muita cultura e muita troca de ideias. O Festival traz o que de melhor o povo Sem Terra faz, que é levar a vida com alegria: além da Feira, uma vasta programação artístico-cultural, a Culinária da Terra, artesanatos e uma programação política e formativa fizeram parte do evento.


Um dos locais mais buscados por quem passava no Festival foi o Espaço de Cuidados Maria Aragão, espaço de saúde popular organizado pelo Setor de Saúde do MST. Ao todo, foram mais de 200 atendimentos de práticas integrativas e de cuidados como ventosa, acupuntura auricular, massagem, escalda pé, moxa de bastão, Reiki, alinhamento de chacras e acupuntura. Também foram distribuídos fitoterápicos e fitocosméticos, além de uma oficina para multiplicar estes saberes.

Para levar a cabo uma grande estrutura como esta, o MST conta com sua própria militância, que se dividiu em equipes de limpeza, saúde, cozinheiras e Culinária da Terra, comunicação, estrutura, zeladoria, programação, secretaria, finanças, feirantes, ciranda, ornamentação, mística, transporte e alojamento. É a forma de organização do MST que traduz a luta pela Reforma Agrária Popular.

“Então a gente só pode agradecer quem veio ler um livro, comprar a comida das mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais, degustar uma refeição da Culinária da Terra. O nosso ‘muito obrigada!’”, exclama Ana Chã, também da coordenação do evento.

Momento de recuperar a esperança

Barraca com produtos da Reforma Agrária / Foto: Emilly Firmino
Barraca com produtos da Reforma Agrária / Foto: Emilly Firmino
Sons que representaram vários territórios, desde o Nordeste, Minas Gerais, da região amazônica e, claro, a cultura caipira de São Paulo acolheram todas, todos e todes que estiveram por ali. Era oferecido o cardápio pra alimentar o corpo, mas também o espírito, como a banca da Editora Expressão Popular, com títulos literários, históricos e de teorias sociais.

“Nós estamos muito felizes com o sucesso do que foi esse Festival da Reforma Agrária e já pensando no que vai ser a nossa 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária aqui em São Paulo ano que vem”, aponta Ana. “Nos mostrou que esse caminho da valorização do alimento, da alimentação saudável é central no momento que vivemos no Brasil. Alimentar-se é um ato político, cozinhar é um ato político e, sobretudo, um ato de amor”, se alegra.

A venda direta, sem atravessadores, se combina com a conscientização do consumo, prática que os Armazéns do Campo vêm construindo em mais de 40 pontos de comercialização pelo Brasil. “A gente poder celebrar essa proximidade de quem produz esse alimento saudável e quem está buscando consumir de forma mais consciente, sabendo de onde vem aquele alimento e que esse pequeno agricultor precisa estar dentro de um conjunto de políticas públicas de Reforma Agrária. É uma grande felicidade”, declara Ana Chã.

*Editado por Fernanda Alcântara

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