Moisés Mendes
blogdomoisesmendes.com.br
3–4 minutos
Tem gente torcendo contra Paulo Pimenta como ministro de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. Claro que tem. E não só da extrema direita.

Tem gente das esquerdas defendendo que o lançamento do plano de socorro às vítimas da tragédia e das primeiras etapas do propgrama de reconstrução do Estado deveria ter sido feito com discrição.

Tem gente que acha que Lula deveria ter transformado o ato numa espécie de missa ou culto. Que deveria ter chamado, não os políticos gaúchos, mas um padre ou um pastor e o presidente do Rotary.

Que deveria ter contratado um coral para cantar uma música gauchesca. Que não deveria ter dado ao evento nenhum tom político.

É quase como se pedissem para que ele se desculpasse por ter vindo ao Rio Grande do Sul. Lula, um ser político, o mais político de todos os seres brasileiros desde Getúlio Vargas, não poderia ter sido político.

Um ato essencialmente político, de afirmação do poder público no socorro a um Estado, deveria se despir das suas feições políticas?

Por favor, menos, bem menos. Tudo o que não tivemos durante o governo do fascismo foi a afirmação da política. Foi a afirmação do negacionismo do Estado liderado por Bolsonaro e seus militares e milicianos contra o próprio sentido de governo, contra o servidor público, a ciência, as vacinas.

Lula restabelece a confiança no governo e no poder da representação política e dos mandatos e vem ao Rio Grande do Sul dizer que o setor público vai salvar o Estado. Que a conversa do povo pelo povo é a fala da extrema direita.

O povo já fez o que deveria ter feito na emergência. O socorro civil salvou gente. Foi o povo, no pior momento da catástrofe, que resgatou as pessoas e os bichos das suas moradias e de cima de árvores e telhados.

O povo se mobilizou e foi e ainda é solidário no acolhimento aos desabrigados e na recepção e seleção de donativos. O povo se doou na urgência, muito mais do que o setor público. Sabe-se disso. Mas esses voluntários estão exaustos.

Agora, a tarefa é cada vez mais do setor público, da política, é dos governantes, que têm obrigações, estruturas e verbas. Então, não torçam contra Lula nem contra Paulo Pimenta.

Nem retransmitam informações da direita que depreciam a presença de Lula e a missão de Pimenta. Por favor, não trabalhem para o fascismo.


Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas 'Todos querem ser Mujica' (Editora Diadorim)

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