São quase 23 milhões de pessoas em todo o mundo que possuem mais de 1 milhão de dólares em capital disponível, concentrando a fortuna de US$ 86,8 trilhões

Tiago Pereira, da RBA
redebrasilatual.com.br
3–4 minutos
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Para a Campanha Tributar os Super-Ricos, é preciso taxar os bilionários para promover um mundo menos desigual e mais justo



São Paulo – Estudo publicado nesta semana pela consultoria Capgemeni revela que a fortuna dos mais ricos atingiu o maior nível histórico. Em todo o mundo, o número de milionários aumentou 5,1% no ano passado, alcançando a marca de 22,8 milhões em 2023. Ao mesmo tempo, a fortuna desse grupo cresceu 4,7%, atingindo US$ 86,8 trilhões (R$ 454,5 trilhões).

Ou seja, nunca teve tantos ricos e suas fortunas nunca foram tão elevadas. E esse crescimento se deve principalmente aos ganhos no mercado acionário. O estudo considera ricas as pessoas cujo capital disponível, sem considerar sua residência habitual, ultrapassa US$ 1 milhão (R$ 5,3 milhões).

Ao mesmo tempo, cresce a demanda por uma taxação das grandes fortunas no mundo. Na presidência do G20, o Brasil lidera a proposta pela criação de um tributo global dos super-ricos. A ideia, no entanto, mira um grupo muito menor. A intenção é criar uma alíquota de 2% sobre os bilionários, que são 2.781 em todo o mundo, de acordo com o último ranking da revista Forbes.

A proposta brasileira já recebeu o apoio da França e dos Estados Unidos. Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou atrair os governos da Itália e da Espanha. Além disso, ele também defendeu a proposta em encontro com o papa Francisco, no Vaticano. A intenção é que os recursos desse novo imposto global possam servir para ações de combate à fome e às mudanças climáticas.

Para que serve um bilionário?

Nesse sentido, a Campanha Tributar os Super-Ricos, questiona: para que serve um bilionário?  “Concentrar renda? Gerar desigualdade? Ficar isento de tributos? Poluir o planeta? Todas as alternativas…” Em todo o mundo, eles adotam estratégias para fugir da tributação, como, por exemplo, o uso de paraísos fiscais e empresas offshore. No Brasil especificamente, os lucros e dividendos obtidos com ações são livres de impostos.

Ao mesmo tempo, os super-ricos são os principais responsáveis pelo crescimento da emissão de gases-estufa. Isso porque o 1% mais rico do mundo, que concentra 43% dos ativos financeiros mundiais, responde por 16% das emissões de carbono, equivalentes aos 66% mais pobres, conforme destacou Haddad em fevereiro.

Assim, as mais de 70 organizações sociais, entidades e sindicatos que compõem a Campanha dizem que o G20 tem a chance de entrar para a história ao endossar e implementar a proposta brasileira pela taxação global dos super-ricos. Não se trata, porém, de “punir” os bilionários pelas suas fortunas, mas “consertar” ou “amenizar” os estragos produzidos por eles. “Tributar os bilionários deixa o mundo menos desigual… E mais justo!”.

 

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