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Apelidada de “vovó nazista” pela imprensa alemã, Haverbeck é uma figura frequente das páginas policiais no país, por seus seguidos problemas com a Justiça e por declarações mentirosas sobre o Holocausto.
Desta vez, Haverbeck está de volta aos bancos dos réus, como parte do julgamento de um recurso. Em 12 de novembro de 2015, ela foi condenada a 10 meses de prisão sem direito a liberdade condicional pelo Tribunal Distrital de Hamburgo.
Agora, quase nove anos depois, o caso voltou a ser julgado.
O processo envolve declarações feitas por Haverbeck em abril de 2015 à margem do julgamento contra o ex-membro da SS Oskar Gröning. À época, paralelamente ao julgamento de Gröning, conhecido como o “contador de Auschwitz”, Haverbeck disse a jornalistas que Auschwitz não era um campo de extermínio, mas sim um mero campo de trabalho. Posteriormente, em uma entrevista televisiva, ela também negou que tenha ocorrido extermínio em massa no local.
Historiadores estimam que 1,1 milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz, das quais 90% eram judias.
Ursula Haverbeck, de 95 anos, voltou a ser julgada nesta sexta-feira (07/06) por um tribunal de Hamburgo por incitação ao ódio |
Problemas frequentes com a lei
Haverbeck, que mora no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste do país, já foi condenada várias vezes por incitação ao longo de 20 anos, chegando inclusive a cumprir penas de prisão.
Em um dos julgamentos, a nonagenária falou de uma “mentira de Auschwitz”, insistindo que “nunca foi provado historicamente” que o campo nazista foi um campo de extermínio. “Isso é apenas uma crença”, disse ela nos anos 2010.
Haverbeck chegou a afirmar ainda, em declarações na televisão, que “o Holocausto é a maior e mais sustentada mentira da História”.
Em janeiro de 2016, em um evento em Berlim, ela voltou a negar o genocídio de judeus entre 1941 e 1945 e afirmou que “nada é verdadeiro” nas câmaras de gás do antigo campo de Auschwitz.
Cerca de um ano mais tarde, durante um de seus julgamentos, em Detmold, Haverbeck desafiadoramente distribuiu a jornalistas e ao juiz um panfleto intitulado “Somente a verdade te libertará”. No texto, ela novamente negou as atrocidades cometidas pelos nazistas.
A propagação dessas mentiras fez com que a idosa Haverbeck se tornasse uma figura popular entre membros da cena neonazista da Alemanha.
Haverbeck e seu falecido marido, Werner Georg Haverbeck, que era um membro ativo do Partido Nazista na época da Segunda Guerra, fundaram um centro educacional de extrema direita chamado Collegium Humanum, que foi fechado em 2008.
De acordo com a legislação da Alemanha, a incitação ao ódio é uma infração penal muitas vezes aplicada a indivíduos que negam, endossam ou banalizam publicamente o Holocausto. O crime prevê penas que vão do pagamento de multa a até cinco anos de detenção.
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