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Com o tema “Israel, entidade ilegal criada artificialmente”, a conferência também contou com a participação do ativista chileno Esteban Silva-Cuadra e do médico e jornalista colombiano Víctor de Currea-Lugo. A mesa teve a mediação da jornalista venezuelana-libanesa, Hindú Anderi.
Durante a introdução do evento, Anderi destacou que o encontro tem como propósito inspirar novas concepções contra as ações criminosas cometidas por Israel no território palestino, focado na necessidade de revisar as resoluções que criaram o Estado de Israel.
Em seu discurso, Albarracín enfatizou o âmbito jurídico da questão palestina, dividindo-a em etapas. Começando pela Declaração Balfour, em 1917, o advogado argentino questionou a legitimidade da carta britânica costurada pelo então ministro britânico das Relações Exteriores, Arthur James Balfour, uma vez que o documento apresenta pontos que ferem a Palestina na perspectiva do direito internacional.
“O senhor Balfour atua como órgão do Estado inglês. Ele podia fazer uma declaração dessa índole, mas para ser válida a sua manifestação, devia ter outros tipos de elementos. Não tinha que lesionar ou afetar direitos de nenhum terceiro”, explicou Albarracín, acrescentando que, com a carta, “o único sujeito que poderia ser afetado era o Estado palestino, um povo em processo de autodeterminação e que tinha direitos”.
O conferencista ainda criticou o envolvimento das “potências vencedoras” que impediram o processo de conversão da Palestina como Estado independente.
“Como há olhos da potência vencedora da Primeira Guerra Mundial, [a Palestina] não tinha o desenvolvimento institucional adequado para poder ser um Estado. Deveria ser auxiliado por algumas das potências vencedoras para atingir esse objetivo e finalmente se independizar”, disse o advogado, fazendo referência a um dos artigos contemplados pelo pacto social de nações.
“Todo processo de ocupação e de institucionalização de interesses coloniais se funde de realidades criadas previamente. Sempre se criam situações de facticidade e, depois disso, um instrumento de valor legal”, apontou.
Painel “Israel, entidade ilegal criada artificialmente”, com a participação de Gabriel Albarracín, Esteban Silva-Cuadra e Víctor de Currea-Lugo Reprodução/CELARG Centro de Estudios |
‘Impossível falar do sionismo sem falar da resistência palestina’
Esteban Silva-Cuadra, militante chavista chileno, prestigiou a mobilização estudantil no Chile frente ao “colonialismo, imperialismo e sionismo”, afirmando que os universitários passaram a protestar contra em suas respectivas instituições pelo rompimento de laços financeiros com entidades sionistas.
“Os estudantes do Chile também têm exigido, durante meses e de forma ativa, ao governo de Gabriel Boric para que rompa as relações comerciais e diplomáticas com a entidade sionista”, disse Silva-Cuadra, acrescentando que as mobilizações populares possibilitaram que o governo chileno, apesar do alinhamento com os Estados Unidos, União Europeia e OTAN, retire seu embaixador em Israel.
Além disso, o país também declarou apoio à acusação sul-africana contra Israel, na Corte Internacional de Justiça (CIJ), por cometimento de genocídio contra os palestinos.
“Cada um desses feitos representa uma grande batalha cultural, ideológica e comunicacional contra ideologia sionista. A luta dos povos pela autodeterminação dos setores oprimidos se estendeu a todos os continentes do mundo. A aliança sionista e imperialista busca ameaça a existência do heroico povo palestino, sobretudo a soberania e autodeterminação do mundo inteiro”, afirmou.
De acordo com Silva-Cuadra, a Palestina foi escolhida como alvo do “primeiro golpe e tentativa de controle” imperialista, no Oriente Médio, por razões que explicam a “visão geopolítica da identidade sionista”, sendo as principais a abundância de recursos petrolíferios – o que daria a Washington uma posição privilegiada contra potências como China e Rússia –, e a posição geográfica estratégica para exercícios militares.
“A urgência da humanidade é a construção de uma grande mobilização em todos os âmbitos que resgate o direito internacional pisoteado. Que resgate e reconstrua outra governança para todas as instituições nascidas do pós-guerra que foram estruturadas sob a hegemonia do capitalismo imperialista, ocidental, aliado do sionismo. Sionismo este que conseguiu impor na Palestina uma ocupação ilegal de território que hoje adquire a amplitude do holocausto”, concluiu.
“Resistir com armas é um direito”
O médico e jornalista venezuelano Víctor de Currea-Lugo iniciou seu discurso com a notícia de que as crianças palestinas amputadas de Gaza, vítimas das operações militares de Israel, estão sendo recebidas e atendidas para tratamento na Venezuela.
“Não tem coisa mais monstruosa do que o que acontece na Palestina”, afirmou, ao criticar o projeto colonial israelense que alimenta a matança, migração forçada e limpeza étnica.
Currea-Lugo recordou que em 2023 conversou com um militante do movimento libanês Hezbollah, explicando que o direito da resistência está contemplada no direito humanitário.
“Resistir com as armas não é um delito, nem terrorismo, nem crime. É um direito. No caso palestino, é um direito”, defendeu.
Para encerrar, Currea-Lugo destacou as medidas necessárias que podem ser tomadas para defender a causa palestina, que se incluem por “educar e influenciar a opinião pública” pelo lado correto da história, “boicotar tudo que financie o sionismo” e “reconhecer a solidariedade militar” em atividades que atualmente são exercidas por movimentos de resistência como o Hezbollah e o Irã.
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