Além dos frequentes ataques violentos de colonos, sob proteção militar, agora, tratores destroem ruas e saneamento de Jenin.


Cézar Xavier
vermelho.org.br
6–8 minutos
Palestinos avaliam os enormes danos após uma operação militar israelense em Jenin que durou 10 dias.
Palestinos avaliam os enormes danos após uma operação militar israelense em Jenin que durou 10 dias.

Assim como alegaram desmantelar o Hamas, na Faixa de Gaza, para proceder do maior genocídio palestino do novo século, desde o final de agosto os israelenses avançam sobre o gigantesco território da Cisjordânia. Após invadir as cidades, buldôzers entram pelas ruas destruindo toda a infraestrutura viária, incluindo as tubulações de saneamento. Com isso, Jenin, Tubas e Tulkarem são deixadas com ruas completamente destruídas, sem esgoto e fornecimento de água, além de dezenas de mortos.

Para além dos mais de 40.878 assassinados em Gaza (contando apenas corpos que chegaram aos hospitais, sem incluir os soterrados em escombros), agora é a vez de contabilizar o genocídio na Cisjordânia, com 692 assassinados (entre eles 156 crianças e 9 mulheres) e mais de 5.700 feridos. Na cidade de Jenin, a população palestina chorou os corpos de 10 jovens mortos durante a agressão israelense que durou 10 dias. Oito deles eram residentes do campo de refugiados de Jenin, e os outros dois eram da cidade.

A ofensiva deixou um rastro de destruição, e as autoridades locais já iniciaram esforços de reconstrução.Muitas dessas pessoas são mortas durante invasões de colonos israelenses armados, que tomam as propriedades palestinas, sob a proteção de forças de segurança de Israel.

Nesta semana, as forças israelenses lançaram a maior operação militar na região em mais de duas décadas. A ofensiva, que já está em seu décimo dia, resultou na morte de dezenas de palestinos. Tropas israelenses, acompanhadas por veículos blindados, drones e helicópteros, atacaram as cidades de Jenin, Tubas e Tulkarem, focando em alvos como residências e instalações consideradas estratégicas. A ofensiva deixou um rastro de destruição, e as autoridades locais já iniciaram esforços de reconstrução.

O exército israelense justificou a operação como uma ação para desmantelar equipamentos explosivos improvisados, supostamente plantados por militantes palestinos, especialmente do Hamas e da Jihad Islâmica. Entretanto, a ofensiva tem sido criticada por grupos de direitos humanos e pela população local, que veem a ação como punição coletiva.

“Punição coletiva e destruição generalizada”


Imagens vindas das áreas atingidas mostram cenas de destruição massiva. Estradas, sinais de trânsito e até árvores foram arrasados. Moradores palestinos denunciam que o ataque não foi apenas contra militantes, mas também contra a infraestrutura civil e as moradias de famílias comuns.

“Eles nos forçam a escolher: ou nos submetemos às suas políticas, ou enfrentamos destruição massiva”, disse um dos residentes afetados em Jenin.

A população local está isolada, sem acesso a suprimentos básicos, como água e eletricidade. Além disso, ambulâncias e equipes médicas têm sido impedidas de entrar em áreas de conflito, agravando a crise humanitária.

A violência também se espalhou para outras regiões da Cisjordânia. Tropas israelenses invadiram Ya’bad, ao sudoeste de Jenin, e Beit Ta’amr, a leste de Belém. Postos de controle foram estabelecidos nas entradas da cidade de Jericó, enquanto um controle aéreo foi montado na entrada da aldeia de Shuqba, ao norte de Ramallah.

Colonos armados continuaram a realizar ataques contra palestinos. Em Zanuta, um grupo foi agredido, e uma tenda foi instalada por colonos em um sítio arqueológico em Masafer Yatta, ao sul de Hebron, transformando uma residência local em um novo posto colonial. Além disso, colonos cortaram oliveiras e destruíram cercas em terras agrícolas ao leste de Nablus, queimaram veículos em Deir Dibwan, ao leste de Ramallah, e picharam frases racistas em um carro em Abu Falah, ao nordeste de Ramallah.

A jovem palestina Bana Baker, de apenas 13 anos, foi morta na tarde desta sexta-feira ao ser atingida por um tiro no peito disparado por forças de ocupação israelenses em sua casa, na aldeia de Qaryut, ao sul de Nablus. O pai de Bana relatou que a filha estava dentro de seu quarto, acompanhada pelas irmãs, quando foi atingida pelas balas. O ataque ocorreu durante uma incursão de colonos israelenses, que estavam sendo protegidos pelas forças de ocupação.

Em outro incidente brutal, o jovem Bilal Dar Atta foi espancado por soldados israelenses enquanto passava por um posto de controle, resultando na amputação de dois dedos e fraturas em outros dois.

Este não foi o único caso de violência no local. Mais cedo, um homem de 34 anos foi ferido na mão por disparos de soldados israelenses, enquanto outro, de 30 anos, sofreu contusões após ser agredido por colonos na mesma aldeia. A comunidade de Qaryut vive sob constante ameaça de ataques, com a escalada da violência de colonos que frequentemente atuam com apoio militar.

Resistência e repressão: aumenta o ciclo de violência


Nos últimos anos, tem-se observado um aumento na resistência armada de jovens palestinos, especialmente vindos de campos de refugiados como o de Jenin. Este fenômeno, segundo especialistas, está relacionado ao crescimento de assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia, frequentemente acompanhados por episódios de violência contra palestinos.

A operação militar israelense é vista como uma tentativa de neutralizar essa crescente resistência. No entanto, grupos palestinos e a própria população denunciam a ausência de responsabilização para os colonos israelenses envolvidos em ataques a palestinos.

Reações internacionais e impacto humanitário


A ofensiva israelense já atraiu críticas de diversas organizações internacionais, que pedem moderação e o fim das hostilidades. O número exato de feridos e mortos pode aumentar à medida que as forças de ocupação continuam a restringir o acesso de equipes de resgate e jornalistas às áreas mais afetadas.

Além dos palestinos mortos, há relatos de soldados israelenses feridos e pelo menos um militar israelense morto durante a operação. A tensão permanece alta em toda a Cisjordânia ocupada, enquanto os palestinos enfrentam deslocamento, destruição de suas casas e um crescente sentimento de insegurança.


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