A extrema-direita da AfD dobrou seu número de parlamentares e se tornou o segundo maior partido, mas foram descartados para compor governo
operamundi.uol.com.br
Opera Mundi
Simone Mateos
5–7 minutos
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Wikimedia Commons | Friedrch Merz, candidato a chanceler da coligação de centro-direita que venceu as eleições |
Os conservadores de centro-direita de Friedrich Merz venceram as eleições gerais alemãs, como previsto, e poderão formar um governo de coalizão apenas com os social-democratas, sem precisar dos verdes para ter maioria no parlamento (Bundestag). Merz, candidato a chanceler do grupo vencedor, frisou no domingo (23/02) à noite que sua prioridade será recolocar o país na liderança da União Europeia.
“Minha prioridade absoluta é fortalecer a Europa o mais rápido possível para que, passo a passo, alcancemos a independência dos Estados Unidos”, disse Merz em pronunciamento televisivo no domingo. A Alemanha, embora seja o pais mais populoso e a maior economia da Europa, nos últimos anos perdeu seu tradicional protagonismo à frente da União Europeia (UE).
Merz questionou “se a OTAN ainda pode ser discutida em sua configuração atual” ou se “teremos que criar capacidades de defesa autônomas mais rapidamente”. Isso porque, nas suas palavras, o governo do presidente norte-americano Donald Trump “é amplamente indiferente ao destino da Europa”.
Merz também voltou a garantir domingo que, embora tenha ficado em segundo lugar nas eleições, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) está descartado em qualquer negociação de coalização de governo. “Não trabalhamos com um partido que é xenófobo, antissemita, que tem radicais de direita e criminosos em suas fileiras, um partido que flerta com a Rússia e quer deixar a OTAN e a União Europeia”, disse ele em janeiro.
Partido de Scholz é o grande derrotado
A confirmação desse “cordão sanitário” contra os extremistas ocorre depois de temores de que pudesse estar fragilizado porque os democratas cristãos votaram ao lado da AfD recentemente em questões de coibir a imigração.
A coligação conservadora União Democrata Cristã-União Social Cristã (CDU/CSU) de Merz venceu com 28,6% dos votos (208 assentos no parlamento). Em segundo lugar, ficou a AfD que, com 20,8% dobrou seu resultado da última eleição (152 assentos), tornando-se o segundo maior partido e a maior força de oposição. É um resultado inédito para um partido de extrema-direita desde a Segunda Guerra Mundial.
O Partido Social Democrata (SDP) de centro-esquerda do atual chanceler Olaf Scholz, teve seu pior desempenho desde a Segunda Guerra Mundial, ficando em terceiro lugar com 16,4% dos votos e 120 parlamentares. A seguir, ficaram os Verdes, com 11,6% (85 assentos), e a Esquerda, que surpreendeu com 8,8% dos votos (64 assentos).
As eleições foram para todos os 630 assentos que compõem o Bundestag. A distribuição por partido é proporcional aos votos recebidos por cada partido, desde que supere 5%.Ficaram sem assentos no Bundestag o Partido Democrático Liberal (FDP) e o partido populista de esquerda Sahra Wagenskneckt (BCW), que teve 4,97% dos votos, três centésimos abaixo, portanto, abaixo do mínimo necessário para ter um assento.
Coalizão de dois será possível por três centésimos dos votos
Graças a ausência de mais partidos no parlamento será possível formar governo com uma coalizão de apenas dois partidos, o que, segundo analistas, dará mais estabilidade ao governo do que uma coalisão de três partidos como era a do atual governo. Christian Lindner, líder do PDF, cuja desavença desencadeou as eleições, anunciou que se aposentadoria da política ativa após o resultado eleitoral.
A AfD venceu nos cinco estados que formavam a Alemanha Oriental, ficando bem acima de 30% em todos eles e com 38,6% na Turíngia, onde o partido ultra fez história em setembro passado dando vitória à extrema direita numa eleição estadual pela primeira vez desde a Segunda Guerra.
No tradicional pronunciamento da TV pública após a divulgação dos resultados eleitorais, Merz, um ex-banqueiro que nunca foi ministro de governo, insistiu na soberania europeia ante os Estados Unidos. “Não tenho ilusões sobre o que está acontecendo nos Estados Unidos”, disse e citou o apoio de Elon Musk à AfD na campanha eleitoral.
Apesar da reafirmação de Merz domingo de que a AfD não fará parte do governo, Alice Weidel, colíder do partido de extrema-direita disse que eles permaneciam abertos a negociação e que a sua exclusão do governo equivalia a “fraude eleitoral”.
Jens Spahn, vice-líder da aliança vencedora CDU/CSU disse que eles pretendem iniciar as negociações para formar governo “muito, muito rápido”, “já esta semana”. Também frisou que o grupo está pronto para fazer concessões ao SPD e que seria essencial que ambos priorizassem fortalecer a Alemanha, restaurar a confiança na democracia e limitar a imigração.
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