A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas, incluindo o general Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, por tentativa de golpe de Estado em 2022, tem ampla repercussão na imprensa internacional nesta quarta-feira (19).
rfi.frPor: RFI
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O ex-presidente Jair Bolsonaro, ao chegar ao Congresso na terça-feira, 18 de fevereiro de 2025, para um almoço com senadores aliados. AP - Eraldo Peres |
O ex-presidente de extrema direita é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Logo abaixo das manchetes da manhã sobre as últimas medidas e declarações do presidente americano, Donald Trump, o site do jornal The New York Times exibe uma foto de Bolsonaro de perfil, com ar preocupado, acompanhada do título: "Brasil acusa Bolsonaro de tentativa de golpe". O ex-presidente comandou um vasto esquema para se manter no poder depois de perder a eleição de 2022, ressalta o NYT.
A denúncia está agora nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve decidir se Bolsonaro e os demais suspeitos se tornam réus.
Na Europa, o jornal britânico The Guardian diz que a notícia da denúncia apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet "foi bem recebida por políticos da oposição e brasileiros progressistas que desprezam o ex-presidente por sua gestão anticientífica da pandemia de Covid, sua hostilidade às minorias, comunidades indígenas e ao meio ambiente, e seus ataques implacáveis ao sistema democrático do Brasil".
Resultado de dois anos de investigações
O portal de notícias FranceInfo diz que o projeto de golpe foi liderado por Bolsonaro e seu candidato a vice [o general Walter Braga Netto], aliados a outras pessoas, civis e militares. As investigações revelaram que o plano contemplava o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e também do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, sempre com o consentimento de Bolsonaro, de acordo com a PGR.
O francês Le Monde explica que as acusações foram baseadas no relatório do inquérito da Polícia Federal, que mostrou que Bolsonaro "planejou (...) e participou diretamente" do projeto de golpe. O plano só não foi adiante, ressalta a matéria, por falta de apoio da alta cúpula do Exército brasileiro, segundo o relatório de mais de 800 páginas apresentando evidências coletadas durante dois anos de investigações.
Na Espanha, o jornal El País afirma que apesar de negar as acusações e se considerar "vítima de perseguição política", Bolsonaro poderá pegar até 43 anos de prisão, se vier a ser condenado. "Em novembro passado, a polícia solicitou que o ex-presidente de extrema direita fosse denunciado. O procurador-geral da República agora alega que Bolsonaro liderou 'uma organização criminosa baseada em um projeto autoritário de poder'”.
Em Portugal, o jornal Público diz que as acusações representam um novo golpe para Bolsonaro e complicam ainda mais as suas já escassas esperanças de um possível regresso à presidência do Brasil. O texto salienta que o ex-presidente se declarou "indignado e estarrecido" com a decisão da PGR e seus advogados alegaram nas redes sociais que ele "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam".
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