Desde o começo, havia sinais de que a reportagem que acusava o ministro Alexandre de Moraes de pressionar o presidente do Banco Central em favor do Banco Master não tinha pé nem cabeça. Qual o poder de pressão de um ministro do STF sobre o presidente de um Banco Central autônomo? Diferente de um chefe […]

Desde o começo, havia sinais de que a reportagem que acusava o ministro Alexandre de Moraes de pressionar o presidente do Banco Central em favor do Banco Master não tinha pé nem cabeça.
Qual o poder de pressão de um ministro do STF sobre o presidente de um Banco Central autônomo?
Diferente de um chefe que intimida um subordinado, a relação entre Moraes e Gabriel Galípolo carece de hierarquia que justifique a suposta coação.
A inverossimilhança da denúncia se aprofunda ao imaginar um dos homens mais politicamente expostos do país tratando de um tema não republicano por telefone ou presencialmente. Em ambos os casos, a conversa poderia ser gravada. Se houvesse uma manobra ilícita, a prudência recomendaria o uso de intermediários e subterfúgios.
A base da reportagem se apoia em seis fontes anônimas, sem apresentar uma única prova concreta. A narrativa foi prontamente negada por todos os envolvidos, incluindo o próprio Galípolo e o diretor da Polícia Federal, que também teria sido supostamente pressionado e negou categoricamente.
A reação da jornalista Malu Gaspar à repercussão negativa foi sintomática. Em vez de apresentar novos fatos, ela optou pela vitimização e por um discurso antipolítico.
No primeiro artigo em que responde às repercussões — muitas delas negativas — à sua denúncia, Gaspar brinda os leitores com um clichê desgastado da antipolítica já no título: “A democracia não precisa de heróis”.
E vai além, desmerecendo um dos julgamentos mais históricos do STF: “O ano de 2025 vai terminando amargo para muita gente que acreditou nos julgamentos dos vândalos golpistas do 8 de Janeiro e dos articuladores da intentona para impedir a posse de Lula como salvação da democracia.”
Ou seja, em vez de baixar o tom político, ela própria eleva a temperatura do debate. A intenção é clara: deslegitimar o sentimento, compartilhado por grande parte dos brasileiros, de que o STF prestou nobres serviços à nossa democracia, num momento dramático.
Por que fazer isso? O julgamento dos golpistas não foi conduzido apenas pelo ministro Alexandre de Moraes, nem teve qualquer relação com o caso do banco. A conexão entre os dois assuntos visa apenas explorar a polarização, a mesma que ela acusa de ser um dos motivos da interpretação enviesada de suas denúncias.
Malu Gaspar rebate as críticas dizendo que suas denúncias seriam taxadas de “lavajatismo”, como se o lavajatismo não fosse uma mancha real na imprensa brasileira — especialmente na empresa em que ela trabalha e no trabalho dela própria.
O lavajatismo se tornou um problema grave justamente porque misturou moralismo com antipolítica, denúncia vazia, clichês e lugares comuns. Fatores que muitas pessoas identificaram não só nas suas denúncias como na reação que ela vem demonstrando às críticas recebidas.
É preciso reconhecer a função fiscalizadora da imprensa, que deve, sim, investigar os poderosos. Contudo, essa função exige responsabilidade e apuração rigorosa para não se converter em denuncismo, ou pior, tornar-se instrumento de tentativas espúrias de desestabilizar o país.
O episódio do contrato da esposa do ministro com o banco, embora possa levantar questões éticas, não foi conectado a nenhuma ação ilícita de Moraes pela reportagem. A transparência é fundamental, mas a acusação precisa de provas para se sustentar além da insinuação.
Curiosamente, no artigo mais recente, o tom da jornalista muda de forma notória. O foco se desloca para o ministro Dias Toffoli e a narrativa perde a contundência inicial contra Moraes, sugerindo um recuo estratégico.
No fim, a sequência dos fatos expõe um jornalismo que, ao falhar em provar sua denúncia inicial, recorreu à politização e a clichês para defender sua posição. A sociedade, mais madura, soube receber a denúncia com o cuidado necessário, diferenciando jornalismo sério de narrativas frágeis.
A democracia talvez não precise de heróis, mas necessita de figuras públicas corajosas, capazes de enfrentar perigos e obstáculos — o que o ministro Alexandre de Moraes conseguiu provar com louvor. A admiração que parte da sociedade nutre pelo ministro não é superficial, nem “mítica”: é o reconhecimento de alguém que tem sido importante para a democracia brasileira. E gratidão faz parte da cultura política de uma democracia.
Publicado originalmente por: O Cafezinho
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