Fundador do WikiLeaks pede investigação na Suécia por suposto desvio de finalidade do Nobel da Paz e ligação com crimes de guerra


Julian Assange (Foto: Reuters/Manon Cruz)
Julian Assange (Foto: Reuters/Manon Cruz)

Julian Assange apresentou uma queixa criminal formal às autoridades suecas contra a venezuelana María Corina Machado e contra dirigentes ligados à administração do Prêmio Nobel da Paz. O fundador do WikiLeaks sustenta que a concessão e o repasse de recursos do prêmio violariam o testamento de Alfred Nobel ao favorecer, segundo ele, a promoção de guerra, intervenções militares estrangeiras e crimes internacionais, em especial no contexto da escalada militar dos Estados Unidos contra a Venezuela .

A informação consta de um documento protocolado em 17 de dezembro de 2025 junto à Autoridade Sueca de Crimes Econômicos e à Unidade Sueca de Crimes de Guerra, conforme detalha a queixa assinada por Assange e divulgada originalmente em petição jurídica tornada pública nesta semana .

Na denúncia, Assange afirma que o fundo do Prêmio Nobel da Paz, administrado por entidades suecas, não pode ser utilizado para fins que contrariem o objetivo explícito estabelecido no testamento de Alfred Nobel, de 1895, que determina que os recursos sejam destinados a iniciativas voltadas à fraternidade entre as nações, à redução de exércitos permanentes e à promoção da paz.

Segundo o documento, qualquer uso do prêmio que estimule conflitos armados configuraria desvio de finalidade e apropriação indevida .

A queixa contesta diretamente a escolha de María Corina Machado como laureada do Nobel da Paz de 2025 e aponta que já houve gastos significativos relacionados à cerimônia e à medalha, além da iminente transferência de cerca de 11 milhões de coroas suecas referentes ao valor monetário do prêmio. Para Assange, tais repasses deveriam ser imediatamente suspensos até a conclusão de uma investigação criminal completa .

O documento também lista declarações públicas atribuídas a Machado, nas quais ela defenderia abertamente a escalada militar e a intervenção estrangeira na Venezuela. Entre os exemplos citados está uma entrevista em que a premiada teria dedicado o Nobel ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiando a centralidade da Venezuela na agenda de segurança nacional norte-americana, além de manifestações favoráveis a ações militares diretas .

Assange sustenta que essas posições tornam a premiada inelegível aos critérios do Nobel da Paz e que o uso simbólico e financeiro do prêmio poderia servir, segundo a denúncia, como justificativa moral para uma guerra.

O texto afirma ainda que há risco concreto de que recursos do fundo Nobel estejam sendo utilizados para facilitar crimes de agressão, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, o que violaria a legislação sueca e obrigações internacionais assumidas pelo país .

Além de María Corina Machado, a queixa criminal aponta dirigentes da Fundação Nobel e membros responsáveis pela administração dos recursos do prêmio, acusando-os de possível quebra de dever fiduciário, conspiração e facilitação de crimes internacionais caso os pagamentos prossigam apesar das evidências apresentadas. Assange pede a apreensão de documentos, a oitiva dos envolvidos e o congelamento imediato de todos os valores pendentes .

O pedido inclui ainda a possibilidade de encaminhamento do caso ao Tribunal Penal Internacional, com base no Estatuto de Roma, caso fique caracterizada a facilitação indireta de crimes internacionais. Para o fundador do WikiLeaks, permitir o uso do Prêmio Nobel da Paz em um contexto de incentivo à guerra representaria uma inversão histórica do sentido do prêmio e um precedente grave para a ordem jurídica internacional .

Publicado originalmente por: Brasil 247

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