do TERRA BRASILIS
'[...] errar é humano. Mas dá para perdoar aos doutos imortais da ABL?'
Em nota oficial, a ABL (Academia Brasileira de Letras) faz dura crítica ao livro didático ‘Por uma vida melhor’, distribuído pelo MEC.
Até aqui tudo bem. A ABL tem todo o direito de marcar sua posição conservadora e mostrar seu distanciamento tanto da realidade social do povo brasileiro quanto dos parâmetros adotados pelo MEC, que datam de 1998, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso [confira aqui]. Quanto à polêmica do referido livro, clique aqui para assistir ao vídeo com a opinião equilibrada do professor Ataliba Castilho ou aqui para ouvir o professor José Luiz Fiorin, outro craque no assunto.
Bom, numa visita ao site (em itálico, meus prezados!) da ABL, lembrei de dois ditos populares: “casa de ferreiro, espeto de pau” e “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Pois no site da ABL encontrei... diríamos... “equívocos textuais” que transgridem aquilo que a própria instituição defende com tanta paixão – nem que para isto seja necessário apontar o dedo no nariz dos outros. Para começar, visite o site oficial da ABL no endereço abaixo [ou clique AQUI para ir direto ao 'pecado original']:
No menu Publicações > Introdução consta o seguinte texto:
'As publicações acadêmicas inciaram-se em 1923 na presidência de Afrânio Peixoto que criou a Biblioteca de Cultura Nacional'.
No período acima, dois erros:
- “iniciaram”, grafada erroneamente: “inciaram”;
- Ausência de vírgula após o substantivo próprio “Afrânio Peixoto”. Reza a gramática normativa que a oração subordinada adjetiva explicativa deve vir separada da principal por vírgula. Assim: “(...) Afrânio Peixoto, que criou (...)”.
Mais adiante, outro trecho:
'A ABL seguiu com a criação de novas publicações e, atualmente fazem parte de seu acervo as Coleções Afrânio Peixoto, Austregésilo de Athayde e Antônio Morais Silva, além da Revista Brasileira e outras publicações tais como os Anais da ABL e os Discursos Acadêmicos.
Há disponibilidade de várias obras on-line, onde o usuário poderá fazer o download das mesmas.'
O que faz a vírgula após a conjunção aditiva ‘e’? Repare ainda o estrangeirismo representado pelos termos download e on-line – que, ainda por cima, não foram devidamente destacados (em itálico, por exemplo). Quer dizer: nós, simples mortais, podemos lançar mão do 'diet'; do 'light', do 'mouse'; do 'on-line'; do 'download'... Eu mesmo usei a palavra 'site' (em vez de 'sítio'). Mas saiba que os manuais de gramática (que a ABL tanto preza) não são simpáticos com o que chamam de 'vício', que José Saramago preferia chamar de 'nova colonização'. O que dizer então quando o (mau) exemplo vem da própria ABL, que na nota de repúdio ao livro do MEC diz que 'O Cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras'?
Por fim, é importante dizer que acho tremenda deselegância e pedantismo apontar falhas nos textos alheios, principalmente quando o intuito é desmerecer a pessoa ou o a idéia. Afinal, somos todos mortais. Ou, lembrando o clichê: errar é humano. Mas dá para perdoar aos doutos imortais da ABL?
Fonte: Letras Incertas
______________________________________
Nota da editoria-geral do Terra Brasilis Educacional:
Desde o dia 12 de junho de 2011, data da postagem do Michel Arbache, o site da ABL ainda apresenta os desvios apontados pelo autor de Letras Incertas [ver imagem abaixo].
Evidente que o primeiro desvio devemos creditar a um problema mecânico... Já quanto aos outros, dentro de uma perspectiva em que doutos fazem uma defesa doentia de um purismo linguístico...
Será que estão tomando muito chá e comendo muitos biscoitos?...
![]() |
Clique na imagem para ampliá-la e verifique a permanência dos desvios. |
Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;