Portal Vermelho

Você já entendeu como grandes personagens garantiram seu lugar na história? Ou quer que desenhe? Nem precisa pedir: nos últimos tempos saíram na Europa biografias em quadrinhos de figuras como Virginia Woolf, Sigmund Freud, Pablo Picasso e Fidel Castro.

Imagem da HQ "Castro", biografia ilustrada de Fidel Castro

E também de figuras importantes, mas menos pop, como os poetas Lautréamont e François Villon ou Françoise Dolto, fundadora da psicologia infantil francesa.

Apaixonados por biografias e por quadrinhos, os franceses viram crescer um filão que apelidaram de "biograficafias" (biografias+gráficas). Aos poucos, elas vão aportando no Brasil. "Freud" sai pela Companhia das Letras no segundo semestre, e "Castro" (único título não francês da leva) já está nas livrarias, publicado pela 8Inverso.


Não deve tardar para que "Pablo", primeiro de quatro tomos sobre a vida de Picasso (1881-1973) seja traduzido para o português. "Estamos negociando com editoras brasileiras, vamos assinar até 10 de março", afirma Julie Birmant à Folha.

Birmant, que assina o roteiro de "Pablo" -os desenhos são de Clément Oubrerie- não esconde suas pretensões."É claro que esperamos vender muito: não por acaso, escolhemos um dos maiores nomes do século 20."

Também foi o mercado, e não a psicologia, que levou Freud (1856-1939) ao formato de gibi. "A ideia de fazer essa biografia foi da editora Dargaud; eles achavam que a vida de Freud poderia vender bem", diz a escritora e psicanalista Corinne Maier, que trabalhou com Anne Simon.

Mas o viés mercantil não deve jogar sombra sobre as criações. "Juro que nosso trabalho foi bem-feito", defende-se Birmant, de "Pablo".

De fato, a qualidade editorial de "Pablo" é notável. Cada quadrinho do livro é, na verdade, um quadro de 30 cm por 21 cm, pintado a aquarela e depois escaneado e transformado na sequência de HQ que mostra Picasso aos 20 anos, errando de bar em bar, entre Montmartre e Pigalle.

A juventude do artista espanhol em Paris é contada por Fernande Olivier, uma das amantes que ele teve na Paris da virada do século 20. "Não tinha como não falar das brigas e dos amores", pondera Birmant.

Se a vida privada do cubista é dissecada, não dá para dizer o mesmo de sua arte. Nenhuma tela dele aparece. "Teríamos de pagar direitos autorais à família de Picasso, e eram caríssimos! Optamos por reinterpretar as pinturas dele no período, pensar em algo que ele poderia ter feito."

Fonte: Folha de S.Paulo

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