A designer Malu Guerra e o marido, o consultor José Arnaldo Navarro, com os filhos, preparam a mudança para Miami
Está na coluna de Mônica Bérgamo, na Folha.
A designer Malu Guerra e seu marido, o consultor José Arnaldo Navarro, desistiram do Brasil.
Vão morar em Miami, decepcionados com a derrota de Aécio.
Tenho um certo problema com textos como o de Mônica, que não quantificam as coisas e apontam tendências com base em nada.
Um recurso clássico de jornalistas sem estatísticas é este: “Cresce o número de”.
Se entendi bem a coluna, “cresce o número” de pessoas de classe média alta que estão indo embora do Brasil, rumo ao “paraíso” americano.
Como a crise econômica nos Estados Unidos se arrasta desde 2008, sem dar mostras de que vá arrefecer, tenho dúvidas sobre as oportunidades que brasileiros desiludidos encontrarão lá.
Miami, por exemplo.
Num levantamento recente feiro pelo site 24/7 Wall St, Miami apareceu como a quarta cidade americana mais malgovernada.
A taxa de desemprego, de 10,3%, é uma das maiores dos Estados Unidos, apontou o site. E o índice de pobreza, 31%, é o dobro da média americana.
Aproximadamente um de cada dez empregos em Miami é relativo a construção, mais que a vasta maioria das grandes cidades americanas.
Empregos em construção requerem baixa qualificação, e não são exatamente promissores.
Mas não é sobre isso exatamente que quero falar.
Eu queria comentar a atitude de pessoas como o casal Malu e José.
Você não constrói um país decente com gente com este tipo de mentalidade.
Nas palavras de Darcy Ribeiro, o problema do Brasil é um pequeno grupo de pessoas que impede qualquer tipo de mudança que ameace os privilégios e mamatas de que desfrutam há décadas, séculos.
Aqueles que lutam contra isso são os indispensáveis.
O Brasil pode ser uma Escandinávia ensolarada, libertária, igualitária, em que as oportunidades sejam iguais para todos.
Mas para que isso ocorra a estrutura viciada de que Darcy Ribeiro falava tem que ser desfeita.
Desejo boa viagem e boa sorte ao casal Malu e José, mas francamente: não é com pessoas assim que seremos uma Escandinávia.
Diário do Centro do Mundo

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