Por Altamiro Borges
A mídia monopolista e manipuladora costuma gerar um bocado de reacionários. Talvez isto decorra da convivência promíscua com os patrões ou com a ostentação do mundo das celebridades. É lógico que muitos artistas conseguem manter a sua integridade e a sua consciência crítica, e não se submetem às vontades da elite empregadora. Mas uma parte expressiva aceita fazer o jogo. Não dá para esquecer a postura patética de Regina Duarte, Hebe Camargo, Ana Maria Braga e Ivete Sangalo, que "lideraram" o movimento Cansei, organizado pela direita nativa com o intento de desgastar o ex-presidente Lula. Na semana passada, outro astro global engrossou o time dos reacionários. O ator Ary Fontoura postou uma mensagem na internet com forte teor elitista, insinuando a "renúncia" de Dilma Rousseff.
Como já observou o amigo Marco Piva, o texto abusa do senso comum contra a política e políticos – o que, em última instância, nega a democracia e abre caminho para o fascismo. O artista da TV Globo dá vários "conselhos" à presidenta: "Renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares; renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro". No final, o seu pedido mais deprimente: "Renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT”.
A mensagem de Ary Fontoura acabou estimulando, novamente, uma onda de ódio nas redes sociais. Conforme registrou o site Brasil-247, fascistas de vários cantos correram para elogiar o ator global e para propor medidas ainda mais duras: "A internauta Stella Medina defendeu que a presidente Dilma Rousseff assassinasse o ex-presidente Lula e depois se matasse. Ela também a chamou de 'assassina e terrorista'. Em seguida, Luciana Cetrin falou em 'cadeia no mínimo'. Clesi Schmitt disse que compraria as balas e Paulo Correa afirmou que puxaria o gatilho".
Já que o ator global está tão indignado, ao ponto de propor que Dilma "renuncie aos companheiros do passado e renuncie ao PT", aqui também vão alguns "conselhos". Ary Fontoura poderia renunciar, de imediato, à Rede Globo por ela criado o clima para o golpe militar de 1964 e ter apoiado a ditadura – com suas torturas e assassinatos. Indignado, o veterano serviçal do império poderia ainda denunciar, em brados teatrais, as manipulações patrocinadas pela emissora – a tentativa de fraude na eleição de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, a sabotagem à campanha cívica pelas Diretas-Já, a manipulação do debate entre Collor e Lula ou a recente entrevista-fuzilamento de Dilma Rousseff no Jornal Nacional.
Como rejeita o "assistencialismo social" – seria o Bolsa Família? –, Ary Fontoura devia propor que a Rede Globo parasse de mamar nas tetas do Estado com bilhões em publicidade oficial e com outras benesses dos poderes públicos. Esta medida drástica, evidentemente, poderia até afetar os seus altos rendimentos. Mas tudo pela "ética" e pelo bem da nação brasileira. Já que está revoltado com os salários elevados, ele poderia propor uma investigação sobre a fortuna dos três filhos de Roberto Marinho – os homens mais ricos dos Brasil, segundo a revista Forbes. Será que parte dela tem origem criminosa nos porões da ditadura, na sonegação de impostos, na remessa ilegal de dinheiro para o exterior e em outras falcatruas? Por último, sobre os "parasitas"... Melhor não sugerir nada para Ary Fontoura!
Altamiro Borges
A mídia monopolista e manipuladora costuma gerar um bocado de reacionários. Talvez isto decorra da convivência promíscua com os patrões ou com a ostentação do mundo das celebridades. É lógico que muitos artistas conseguem manter a sua integridade e a sua consciência crítica, e não se submetem às vontades da elite empregadora. Mas uma parte expressiva aceita fazer o jogo. Não dá para esquecer a postura patética de Regina Duarte, Hebe Camargo, Ana Maria Braga e Ivete Sangalo, que "lideraram" o movimento Cansei, organizado pela direita nativa com o intento de desgastar o ex-presidente Lula. Na semana passada, outro astro global engrossou o time dos reacionários. O ator Ary Fontoura postou uma mensagem na internet com forte teor elitista, insinuando a "renúncia" de Dilma Rousseff.
Como já observou o amigo Marco Piva, o texto abusa do senso comum contra a política e políticos – o que, em última instância, nega a democracia e abre caminho para o fascismo. O artista da TV Globo dá vários "conselhos" à presidenta: "Renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares; renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro". No final, o seu pedido mais deprimente: "Renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT”.
A mensagem de Ary Fontoura acabou estimulando, novamente, uma onda de ódio nas redes sociais. Conforme registrou o site Brasil-247, fascistas de vários cantos correram para elogiar o ator global e para propor medidas ainda mais duras: "A internauta Stella Medina defendeu que a presidente Dilma Rousseff assassinasse o ex-presidente Lula e depois se matasse. Ela também a chamou de 'assassina e terrorista'. Em seguida, Luciana Cetrin falou em 'cadeia no mínimo'. Clesi Schmitt disse que compraria as balas e Paulo Correa afirmou que puxaria o gatilho".
Já que o ator global está tão indignado, ao ponto de propor que Dilma "renuncie aos companheiros do passado e renuncie ao PT", aqui também vão alguns "conselhos". Ary Fontoura poderia renunciar, de imediato, à Rede Globo por ela criado o clima para o golpe militar de 1964 e ter apoiado a ditadura – com suas torturas e assassinatos. Indignado, o veterano serviçal do império poderia ainda denunciar, em brados teatrais, as manipulações patrocinadas pela emissora – a tentativa de fraude na eleição de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, a sabotagem à campanha cívica pelas Diretas-Já, a manipulação do debate entre Collor e Lula ou a recente entrevista-fuzilamento de Dilma Rousseff no Jornal Nacional.
Como rejeita o "assistencialismo social" – seria o Bolsa Família? –, Ary Fontoura devia propor que a Rede Globo parasse de mamar nas tetas do Estado com bilhões em publicidade oficial e com outras benesses dos poderes públicos. Esta medida drástica, evidentemente, poderia até afetar os seus altos rendimentos. Mas tudo pela "ética" e pelo bem da nação brasileira. Já que está revoltado com os salários elevados, ele poderia propor uma investigação sobre a fortuna dos três filhos de Roberto Marinho – os homens mais ricos dos Brasil, segundo a revista Forbes. Será que parte dela tem origem criminosa nos porões da ditadura, na sonegação de impostos, na remessa ilegal de dinheiro para o exterior e em outras falcatruas? Por último, sobre os "parasitas"... Melhor não sugerir nada para Ary Fontoura!
Altamiro Borges
Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;