É verdade que a matéria não foi – será que vai? – para o Jornal Nacional. Limitou-se, por enquanto ao RJTV 1ª Edição (a partir dos 30min47′). Em um trabalho bem feito pela repórter Raquel Honorato ficou claro que por falta de repasse federal, o município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, – cujo prefeito, Nelson Bornier, é da patota peemedebista que apoia o presidente golpista -, não consegue dar atendimento médico aos seus habitantes
Regina Lopes: atendiomento só no Rio.
“No Estácio, lá embaixo na cidade. Porque se você vê aqui, só pago”, Em seguida, completou, quando ouviu a jornalista questionar incrédula: “No Rio de Janeiro?” “No Rio de Janeiro. Porque aqui não tem. Não tem. Nós estamos abandonados”.
Clínica de Família em Austin, Nova Iguaçu: portão fechado com cadeado em plena luz do dia, apesar de anunciarem funcionamento 24hs.
Um governo que fala em impor 49 anos de trabalho para uma aposentadoria, forçar um deslocamento em torno de 48 quilômetros a quem busca atendimento médico deve ser algo normal. Desde que não com os seus.
Em Nova Iguaçu há o Hospital Geral, mais conhecido como Hospital da Posse. Trata-se de um grande hospital construído para atender moradores da Baixada Fluminense. Mas, segundo moradores informaram ao RJTV, ele só atende casos urgentíssimo, graves.
A situação, nas explicações do jornalista Edmilson Ávila, da TV Globo, não tende a melhorar. Porque antes mesmo da PEC do Fim do Mundo entrar em vigor, os valores repassados para a manutenção do hospital já estão congelados. É dele a explicação dada no telejornal:
Declaração de um morador ao RJTV
É difícil imaginar como o hospital atenderá os casos urgentes, o que teoricamente deve ser feito na Emergência. Como os moradores da cidade falaram à repórter da TV Globo, este setor estava escuro, sem médico nem atendentes. Não tinha nada.
Curiosamente, em outubro de 2015, durante a inauguração da Emergência Pediátrica do hospital, o prefeito Bornier e o secretário municipal de saúde, Luiz Antônio Teixeira Junior, vangloriavam-se por estarem melhorando a “situação caótica” que dizem terem encontrado em 2013. “Luiz Antônio destacou ainda que promover melhorias em meio à crise econômica não é tarefa fácil, mas é possível com planejamento e alternativas,”. E citou uma delas: “a emenda parlamentar do deputado Felipe Bornier (filho do prefeito), que acaba de ser aprovada pela bancada federal, destinará R$ 5 milhões para o Hospital da Posse”, como consta do Boletim Informativo da Prefeitura.
Ao que parece, pelo o que a TV Globo – insuspeita – mostrou, e os moradores relataram, o planejamento não funcionou e o dinheiro ou não chegou ou não foi bem administrado.
Distante 12 quilômetros da Clínica de Família de Austin está a Clínica de Famílias de Vila de Cava. É para lá que a secretaria municipal de Saúde aconselha os pacientes rejeitados no Hospital da Posse buscarem socorro. Mas, ali, apesar de as portas estarem abertas, ao contrário da Clínica de Austin, o atendimento também é só de casos graves.
“Eu estou dizendo que ela está há três dias passando mal. Fui na UPA, não tem médico, aí, onde que está atendendo? “Em lugar nenhum”. Vim aqui e o médico está aí. O médico está atendendo? Não, só se estiver morrendo”, explica o vendedor Valério Mariano.
Gisela Oliveira, estudante, confirmou que há quinze dias a clínica está fechada. “Ela não funciona. A gente vem aqui e não está funcionando, nem a emergência. Não tem atendimento, ou você se vira, ou você vai procurar um lugar mais longe para resolver alguma coisa”. Um funcionário explicou, anonimamente:
Nas explicações dos jornalistas da TV Globo, o caos das Clínicas de Família está ligado ao atraso do repasse de verba pelo governo Federal. O dinheiro deveria ter sido enviado no dia 12, mas só foi remetido na sexta-feira (23/12) e ainda demora dois dias para cair na conta da secretaria de Saúde do município. Sendo assim, ainda esta semana elas podem voltar a funcionar. O problema maior é o Hospital da Posse. Afinal, o que ele recebe hoje já não cobre as despesas para os atendimentos que precisa fazer. Com o novo congelamento de o governo Temer, então, acabará fechando as portas. Por mais que o presidente prometa que sua PEC não afetará o atendimento social. Na verdade, antes delas, ele já a está afetando.
“Falta seringa, material básico, Seringa, luvas, soro, medicações, falta tudo. Quem está comprando são os acompanhantes. Às vezes eu recebo três seringas para trabalhar em duas enfermarias, com mais de dezoito pacientes.”
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Marcelo Auler
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