Três genes foram identificados como importantíssimos para o desenvolvimento da inteligência humana: foram eles os responsáveis por fazer o cérebro aumentar de tamanho, e isso facilitou avanços cognitivos. Esses genes são chamados de NOTCH2NL.
Esses genes são encontrados apenas em pessoas, e apareceram pela primeira vez entre três e quatro milhões de anos atrás. Pouco tempo depois, o tamanho dos crânios dos fósseis aumentou dramaticamente.
Os três genes atuam no desenvolvimento embrionário e estão especialmente ativos no reservatório de células-tronco do córtex cerebral, a camada externa do cérebro responsável pelas funções mentais mais refinadas, como cognição, linguagem, memória, razão e consciência.
Estes genes atrasam a transformação de células-tronco em neurônios, o que resulta em um maior número de células nervosas maduras nesta região do cérebro.
“O córtex cerebral define em grande extensão o que nós somos como espécies e quem somos como indivíduos. Entender como ele surgiu na evolução é uma questão fascinante, que toca a origem básica da humanidade”, diz o neurobiólogo Pierre Vanderhaeghen, da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica).
“Esta é a questão evolutiva principal, e é empolgante trabalhar nesta área de pesquisa”, aponta o engenheiro biomolecular David Haussler, da Universidade da Califórnia (EUA).
Esses genes estão ausentes nos macacos e orangotangos. Enquanto isso, um “primo” não-funcional desses genes foi encontrado em gorilas e chimpanzés. Esses genes ativos só foram encontrados em fósseis de mais duas espécies: os Neandertais e os Denisovans, que estão extintos.
Além de todas essas descobertas, o trabalho também observa que anormalidades nos genes NOTCH2NL estão ligadas a problemas neurológicos como autismo, esquizofrenia e tamanhos anormais de cabeça.
Informações detalhadas deste trabalho foram publicadas em dois artigos científicos na revista Cell. [New Scientist, CGTN]
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