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| Reinaldo Azevedo. Foto: Reprodução/YouTube/TVFolha |
A Coluna de Reinaldo Azevedo na Folha de S.Paulo critica de maneira contundente a presença jurídica e militar nas eleições de 2018. “Tanques e togas tentam cercar a democracia brasileira. Há um esforço deliberado para tratar o eleitor como um débil mental. Generais, juízes e procuradores se arvoram em consciência crítica da brasileirada incapaz. Aos 57 anos, incomoda-me o assédio que ofendia meu senso de autonomia adolescente. Desculpem-me por um tantinho de memória privada a unir setembros. Como naquele filme, sei que a história de uma pessoa ‘vale menos do que um punhado de feijão neste mundo louco’, mas é a minha história — ou a infância afetiva de um liberal. Entre togas e tanques”.
Ele lembra de seu passado na ditadura militar: “eu tinha 15 anos quando o DOPS (Departamento da Ordem Política e Social) encostou as mãos sujas em mim. Passei por um interrogatório informal na escola. A denúncia partira de um professor infiltrado. Eu havia vencido um concurso estadual de redação cujo tema era ‘O Dia da Árvore’. Associei a agressão à natureza à incúria do governo, ao egoísmo humano e ao lucro irresponsável”.
E desenvolve seu raciocínio: “nas democracias, chefes militares não fazem considerações sobre política e o processo eleitoral. Também não dizem quem pode e quem não pode ser eleito. Ciro Gomes tem razão ao afirmar, aludindo a Brecht, que o general buscava calar as ‘vozes das cadelas no cio’ do fascismo caseiro. E, destaque-se em nome da precisão, Villas Boas descartou um golpe. Mas restou a sombra da tutela. Eu não me bandeei para o liberalismo como um trânsfuga. Passei por um processo de conversão silenciosa. Quero a inocência dos que se sentem representados pelo império da lei, não pelo triunfo da vontade dos senhores da guerra ou de grupos que se organizam para assumir o lugar da consciência do eleitor”.
Critica juízes, as prisões provisórias e arbitrariedades do judiciário e conclui: “no TSE, Roberto Barroso inventou o ‘trânsito em julgado’ do que ainda está ‘sub judice’. Um espanto. A exemplo do general, todos querem proteger o povo brasileiro. O diabo é que se colocam no papel de quem pode até rasgar a lei para poupá-lo de sua própria vontade. O Dia da Árvore se comemora na sexta que vem, unindo setembros. Dois dias depois, começa a primavera. Odeio invernos. Desde os 15 anos. Este também passará”.
DCM


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