Governo alemão diz que Brasil é parceiro importante, mas reage de forma contida à eleição do candidato e diz ver com preocupação declarações dadas por ele. Macron alerta para necessidade de respeito à democracia.





O governo da Alemanha reagiu de forma contida, nesta segunda-feira (29/10), à eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República.

O porta-voz da chanceler federal Angela Merkel, Steffen Seibert, disse que ela "tomou conhecimento" do resultado da eleição democrática de Bolsonaro, observando que ele foi eleito com mais de 55% dos votos.

Seibert acrescentou que a Alemanha pretende cooperar também com o próximo governo, com base em valores comuns, e medi-lo pelos seus atos, assim que tomar posse. "O Brasil é o maior país da América Latina e um parceiro de grande relevância para a Alemanha", disse Seibert.

Ele ressalvou, porém, que o governo alemão vê com preocupação declarações feitas por Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

O Brasil foi alçado à condição de parceiro privilegiado da Alemanha durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, mas as chamadas consultações intergovernamentais ocorreram apenas uma vez.

O presidente francês, Emmanuel Macron, felicitou Bolsonaro por sua vitória na eleição presidencial e disse que quer que França e Brasil mantenham sua parceria estratégica baseada em "valores comuns de respeito e promoção dos princípios democráticos".

Macron acrescentou que a França quer continuar sua cooperação "respeitando esses valores" para enfrentar "os grandes desafios contemporâneos de nosso planeta, tanto no campo da paz e da segurança internacional como no da diplomacia ambiental e dos compromissos do Acordo de Paris sobre o clima".

A Comissão Europeia declarou, numa primeira reação à vitória de Bolsonaro, esperar que o presidente eleito "trabalhe para consolidar a democracia" e considerou que "o Brasil é um país democrático e com instituições sólidas".

Segundo a porta-voz Natasha Bertaud, a posição oficial da União Europeia (UE) será conhecida em breve, numa carta dirigida a Bolsonaro pelos presidentes da Comissão, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, "tal como é prática comum", evitando "especular" sobre o seu conteúdo.

"Em termos gerais, o que posso dizer é que nós respeitamos a escolha democrática do povo brasileiro. O Brasil é um país democrático, com instituições sólidas, e nós esperamos de qualquer futuro presidente do país que trabalhe para consolidar a democracia, em benefício do povo brasileiro", disse.

"O Brasil é um parceiro importante, obviamente também nas nossas negociações com o Mercosul, e a UE espera continuar a fortalecer a parceria com o novo governo", disse.

Antes, o comissário europeu de Assuntos Econômicos, o francês Pierre Moscovici, considerou que o triunfo de Bolsonaro, a quem se referiu como de extrema direita, deve-se a uma espécie de "cansaço democrático" relacionado à crise, da qual se aproveitou o presidente eleito.

Moscovici, em entrevista à emissora francesa Public Sénat, disse que o resultado da eleição no Brasil faz parte de uma tendência de retrocesso nas democracias liberais no mundo todo.

Para o comissário europeu, Bolsonaro é um "democrata não liberal" porque foi eleito nas urnas, mas, ao mesmo tempo, faz parte de um tipo de político que "uma vez que chega ao poder, dificilmente o devolve".

O que está por trás da eleição de Bolsonaro é um cansaço pelos efeitos da crise e, em particular, pelo agravamento das desigualdades, afirmou o político socialista francês, que fez um pedido aos democratas "sinceros".

"É preciso arregaçar as mangas e atacar as desigualdades que causam prejuízo ao povo e o conduz a apostas que depois são perigosas", argumentou o político francês.



DW

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads