Arquivos/Agência Brasil

Jornal GGN – O governo Bolsonaro retomou o acordo de livre mercado com o México, desenhado em 2002, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, paralisado desde 2017.

Segundo o anúncio feito em conjunto pelas equipes dos ministérios da Economia e Relações Exteriores, a partir desta terça-feira (19) passa a vigorar entre os dois países o livre comércio de veículos leves. Isso significa que a não haverá mais cobrança de tarifas ou limitação de quantidades do produto comercializado entre México e Brasil.

Também a partir de hoje passa a vigorar a lista de exceções, que prevê regras de origem específica para auto peças.

“O retorno ao livre comércio automotivo entre Brasil e México é passo importante para aprofundar o relacionamento comercial entre as duas maiores economias da América Latina”, disseram, em nota, os ministérios.

A medida prevista no Acordo de Complementação Econômica nº 55 (ACE-55), que regula o comércio automotivo e a integração produtiva entre Brasil e México desde 2002, prevê ainda o livre comércio de veículos pesados (caminhões e ônibus) e suas autopeças, a partir de 2020.

“Adicionalmente, o governo brasileiro tem grande interesse em ampliar o livre comércio com o México para outros setores, tanto industriais quanto agrícolas, com a inclusão de matérias sanitárias e fitossanitárias, facilitação de comércio e barreiras técnicas ao comércio, conforme compromisso assumido anteriormente nas negociações do Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE-53)”, diz a nota.

Segundo o ministérios da Economia e Relações Exteriores, a medida está “dentro de uma dinâmica de abertura e de aproveitamento do pleno potencial das duas maiores economias da América Latina” e o governo brasileiro pretende retomar as negociações para um acordo mais abrangente com o México, paralisadas desde 2017.

Ideologia no comércio internacional e empregos


A decisão de retomar o acordo com o México aponta para a linha defendida pelo governo Bolsonaro de priorizar acordos bilaterais e não multilaterais, seguindo a ideologia “anti globalista”. Termo que vinha aparecendo nos discursos do presidente brasileiro desde antes de sua eleição e já vinha sendo empregado por Donald Trump nos Estados Unidos.

A palavra globalismo, não quer dizer o mesmo que globalização, e tem sua origem no livro The Emergence of Globalism (O surgimento do globalismo, em tradução livre). O termo está sendo usado para se referir a centralização de políticas, econômicas e sociais, supostamente centralizadas em organizações criadas para estabelecer debates multilaterais, como a ONU (Organização das Nações Unidas) ou OMC (Organização Mundial do Comércio) ou até a União Europeia.

A autora do livro, a professora de História Moderna da City University de Londres, Or Rosenboim, faz críticas a forma como Trump e outros líderes usam o termo, “fingindo” que protestam contra o “globalismo neoliberal”, o verdadeiro foco da sua análise.

Para ela, globalismo é “a ideia de que a política deve se ajustar à globalização, ou às condições culturais e econômicas de um mundo interconectado”. Ela diz que isso não significa que todos os “globalistas” tenham os mesmos valores ou objetivos dentro dessa ordem global, entretanto sua conclusão é que Trump e outros líderes estão usando o termo como retórica.

“É mais como uma versão falsa ou uma caricatura de ‘globalismo’. Eles dizem atacar a ideia de que 1% de pessoas ricas no mundo lucraram com essa nova condição de interconexão”, disse em entrevista a BBC News.

No Brasil, o primeiro a aparecer com essa abordagem (retórica) foi o guru do presidente Bolsonaro, escritor e influenciador digital Olavo de Carvalho no artigo Do Marxismo Cultural, publicado no jornal O Globo em 2002. Ele, assim como o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, afirma que o “globalismo” é a “configuração atual do marxismo”.

Mas o que não é discutido na decisão do governo Bolsonaro em fechar o acordo bilateral com o México é o impacto sobre o desemprego no Brasil, dando força para montadoras como a Ford e a GM não ficarem mais o país.

Em fevereiro, a Ford anunciou que vai fechar sua fábrica em São Bernardo, justificando falta de atratividade para manter as atividades no ABC Paulista. Segundo o presidente da montadora na América do Sul, Lyle Watters, foram “meses de busca por alternativas” para manter a fábrica de São Bernardo e no país em funcionamento, o que não foi possível, justificou.

Em uma reunião em janeiro, com executivos da General Motors, líder de vendas no Brasil, logo após escutar o vice-presidente de Relações Governamentais da GM no Brasil, Marcos Munhoz, relatar que a chefia da montadora nos Estados Unidos considerava as fábricas de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e de São José dos Campos, interior paulista, “inviáveis” por causa do alto custo e que corriam o “risco de fecharem”, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, do Ministério da Economia, Carlos da Costa devolveu: “Se precisar fechar, fecha”.



GGN

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