– O presidente do Comitê Judicial da Câmara, Jerrold Nadler. JOSHUA ROBERTS REUTERS
Washington
Em um comunicado publicado na segunda-feira, Nadler afirma que era imperativo “começar a construir um caso ao povo norte-americano sobre o abuso de poder” de Trump. Na opinião do legislador nova-iorquino, “está bem claro que o presidente obstruiu a Justiça”. “Trump se referiu 1.100 vezes à investigação como caça às bruxas, tentou proteger [Michael] Flynn de ser investigado pelo FBI e demitiu [James] Comey para evitar a trama russa”, enumera Nadler ao mesmo tempo em que acusa o mandatário de “intimidar testemunhas em público”. Nos requerimentos à Casa Branca é solicitada documentação relacionada à investigação em andamento sobre a possível confabulação de Trump com a Rússia para propiciar sua vitória eleitoral contra a democrata Hillary Clinton e acontecimentos posteriores à abertura das investigações dos anteriormente citados Michael Flynn (ex-assessor de Segurança Nacional), James Comey (ex-diretor do FBI) e do promotor geral Jeff Sessions.
Perguntado por um jornalista do pool da Casa Branca se estava disposto a colaborar com a investigação do comitê judicial da Câmara, Trump declarou que ele colabora “o tempo todo com todo mundo”. “O bom é que não há conspiração, é tudo uma fraude”, disse o mandatário para, na sequência, recomendar à imprensa que fosse almoçar.
O congressista reconhece que sua investigação pode ser coincidente em alguns pontos com a realizada pelo promotor especial Robert Mueller, que também averigua se o mandatário obstruiu a Justiça, ainda que nesse caso se trata de uma questão criminal na qual trabalha o Departamento de Justiça, e o que Nadler abriu é uma investigação do Congresso que tem padrões muito diferentes. Nos documentos apresentados na segunda-feira por Nadler em nenhum momento aparece a palavra impeachment, mas sua sombra está presente nas fileiras democratas.
Na semana passada, Nadler declarou em uma entrevista ao The New York Timesque, apesar de ele acreditar que Trump cometeu crimes durante seu mandato e que desrespeitou normas básicas da Constituição, não se lançaria em um processo de destituição do presidente a menos que contasse no Congresso com uma esmagadora maioria bipartidária. “Por enquanto, esse não é o caso”, afirmou.
“É um momento crítico para nosso país”, diz o próprio Nadler nas cartas enviadas. “O presidente Trump e sua Administração enfrentam graves acusações de conduta inapropriada que atacam o coração de nossa ordem constitucional”, acrescenta. Todos os destinatários têm até 18 de março para entregar a documentação requerida e a comissão alertou de que pode solicitar ordens judiciais se alguns deles se negarem. Essa iniciativa pretende, também, garantir que seja possível investigar os possíveis crimes no caso da investigação de Mueller sobre o suposto envolvimento da influência da Rússia na campanha para as eleições presidenciais de 2016 não dê resultados e as investigações não sejam publicadas.
Entre os destinatários das cartas de Nadler estão os principais responsáveis pela campanha eleitoral que levou Trump à presidência em 2016: Corey Lewandowski, Paul Manafort, Steve Bannon e Jared Kushner. Além de Brad Parscale, o diretor de campanha à reeleição de Trump no ano que vem.
Nas cartas à Organização Trump, além de Donald Trump Jr. e o diretor financeiro, Allen Weisselberg, está outro dos filhos do presidente: Eric. Também está sua secretária durante anos, Rhona Graff. Na lista se destacam, além disso, organizações como a WikiLeaks, a Associação Nacional do Rifle (NRA) e a Cambridge Analytica.
O presidente do comitê judicial da Câmara, agora nas mãos dos democratas após estes tomarem o controle nas últimas eleições legislativas, acrescentou que “se aprendemos alguma coisa com o depoimento de Cohen [ex-advogado de Trump na cadeia por mentir ao Congresso] é que o presidente está diretamente envolvido em vários crimes, enquanto fazia campanha e já como ocupante da Casa Branca”.
EL PAÍS Brasil

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