Rathbone diz que, dentro do ‘governo fracassado’ de Bolsonaro, Olavo de Carvalho representa um grupo-chave, ‘os ideólogos do hardcore’. Bolsonaro, diz ele, chegou a mostrar uma cópia do livro mais vendido de Olavo, ‘O mínimo que você precisa saber para não ser idiota’, durante seu discurso de vitória eleitoral. Denegrir o Islã, os direitos esquerdistas e os gays, ou ‘gayzismo’, presentes em Olavo de Carvalho, provocaram uma audiência de mídia social de mais de 570 mil essoas.
Mas esse autodidata, filósofo e ex-astrólogo de 71 anos, fumador de cachimbo, é quase desconhecido fora do Brasil. Rathbone diz que Steve Bannon, o conservador americano e que coorganizou a exibição do filme, quer mudar este cenário. ‘Nos EUA, o movimento conservador atingiu o pico das boas ideias. É por isso que o Olavo é tão importante’, disse Bannon.
Os estranhos convidados no Trump International Hotel, em número de 80, também incluíam Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e um ‘poderoso político por direito próprio’, diz Rathbone. ‘Não poderíamos ter vencido a eleição sem o Olavo’, disse o filho número 3, ‘sem Olavo, não haveria presidente Bolsonaro’, arrematou.
‘O Sr. Carvalho sentou-se com a esposa, vestindo um terno xadrez de três peças, parecendo doado’, diz o texto. E arremata que, mesmo muito lido, seu pensamento é elusivo e esotérico. Um tema recorrente, compartilhado por outros populistas, é uma insistência neo-marxista na hegemonia cultura, que ele afirma ter sido imposta pelos globalistas, a esquerda e o politicamente correto via escolas, partidos políticos, a grande mídia, e pasme, ‘notícias falsas’.
O articulista frisa que, por muitos anos, Olavo de Carvalho fez uma campanha solitária e desatendida. Mas, em 2013, os brasileiros começaram a canalizar o desgosto com a esquerda em uma série de protestos nacionais. Nesses episódios, muitos carregavam cartazes dizendo ‘Olavo estava certo’. E o Brasil, na sequência, sofreu seu maior escândalo e maior recessão. Lula foi preso e Bolsonaro chegou à presidência.
Bannon disse à plateia, durante a exibição, que ele tinha grandes esperanças para Olavo como um pensador ‘seminal’, e destacou o debate deste com Aleksandr Dugin, um filósofo fascista conhecido como o guru do presidente russo Vladimir Putin.
Segundo Rathbone, foi uma sorte que o filme, em vez de um panfleto político, foi uma homenagem à vida doméstica de Olavo. Ele deixou o Brasil em 2005 e agora mora na Virgínia. Uma bandeira americana tremula em sua varanda, sua família dá graças nas refeições, os cães abanam os rabos. Olavo dispara um rifle, fala sobre filosofia e fuma muito. Para o articulista, a impressão passada no filme era de um excêntrico plácido e altamente erudito, não o monstro espinhoso da reputação pública. Então a máscara escorregou.
‘A mídia é louca, todos os jornalistas são viciados em drogas’, o Sr. Carvalho gritou em seus comentários iniciais após o filme. ‘Tudo é fantasia!’
Rathbone conta que ele é famoso por escolher brigas e, mais recentemente, travou uma com o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, um general reformado moderado. ‘Eu o desprezo’, disse ele.
Então o articulista que foi a vez dele fazer a pergunta. Perguntou o que ele esperava que viesse da reunião de Bolsonaro-Trump. Olavo respondeu que os EUA deveriam ajudar o Brasil, escanteando a China. ‘Os dois países produzem mais da metade da comida do mundo. Eles podem fazer uma aliança’, disse Olavo.
Quando o articulista reagiu, perguntando se era um cartel, Olavão explodiu. ‘Eu não chamei de cartel. Você está colocando palavras na minha boca, Você está distorcendo, malicioso. Você é mentiroso’. Rathbone suspeitou, aí, de um golpe de publicidade, uma ‘fantasia’ para usar as próprias palavras de Carvalho.
Bannon foi mais surpreendente sobre jornalistas e ‘notícias falsas’, diz o autor. ‘O americano me disse: eu amo o Financial Times, mesmo que nos esforcemos um contra o outro’, finaliza.
GGN

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