O plano era simples: usar Aedes aegypti machos alterados geneticamente para cruzar com fêmeas nativas, para que seus filhotes tivessem um gene que os fizesse morrer antes de chegar à idade adulta. Assim, esses filhotes nunca acasalariam, e a população de mosquitos da região diminuiria radicalmente, evitando a transmissão de doenças como Febre Amarela, Zika, Dengue e Chicungunha.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale (EUA), e Universidade de São Paulo, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular e da Moscamed Brasil.
Amostras de genes dos Aedes coletados em períodos de seis, 12, 27 e 30 meses após a soltura dos transgênicos mostraram que porções do genoma dos mosquitos alterados geneticamente foram incorporados pela população de insetos ao invés dessa população ser reduzida.
Pior de tudo, esses herdeiros parecer ser ainda mais robustos e fortes do que os mosquitos originais selvagens. Ainda não há estudos sobre as consequências das novas características dos mosquitos da região na transmissão de doenças ou na dificuldade de eliminá-los. Um acompanhamento precisa acontecer na região, alertam os pesquisadores.
“Os mosquitos comuns incorporaram genes de uma outra variedade, transgênica, resultando em insetos híbridos, que geralmente têm maior vigor, são mais potentes, sobre os quais ainda não há estudos”, diz o pesquisador José Maria Gusman Ferraz, do laboratório de engenharia Ecológica da Unicamp, à Rádio Brasil Atual.
Experimento
O mapa acima mostra a localização de Jacobina e os pontos na cidade em que as amostras foram coletadas
Nos primeiros meses após a introdução dos mosquitos alterados, a população geral caiu, mas logo em seguida voltou a ser alta.
Esses mosquitos foram criados pela empresa comercial Oxitec Ltd., a partir de uma cepa de Cuba cruzada com uma população mexicana. Como resultado, os Aedes de Jacobina atuais são resultado de uma mistura de três populações.
“Ainda não está claro como isso pode afetar a transmissão de doenças ou outros esforços para controlar vetores perigosos. Esses resultados destacam a importância de haver um programa de monitoramento genético durante esse tipo de soltura para detectar resultados não previstos”, alertam os pesquisadores no trabalho.
[Scientific Reports, Science Alert, Rádio Brasil Atual]
Hypescience


Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;