José Cruz/Agência Brasil


Como notou o Tijolaço Fernando Brito, “A Guerra fica explícita”.

A Polícia Federal fez busca e apreensão no gabinete do líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Os alvos foram Bezerra e o filho, o deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE).

A acusação é de que teriam levado propina superior a R$ 5 milhões quando Bezerra pai era ministro da Integração no governo Dilma Rousseff.

Notem todos os detalhes.

Dilma mais Bolsonaro.

Notem que a Procuradoria Geral da República se manifestou contrariamente à busca e apreensão.

Notem que o ministro do STF que autorizou a ação foi o lavajateiro mor Luís Roberto Barroso, que emitiu nota se justificando: “Só faço o que é certo, justo e legítimo”.

Notem que o líder de Bolsonaro, como afirmou a defesa de Fernando Bezerra Coelho e sublinhou Fernando Brito, ficou marcado “por sua atuação política combativa em relação a alguns pontos do pacote anticorrupção, encabeçado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro” — a Folha de S. Paulo publicou esta declaração.

De acordo com o diário conservador paulistano, o advogado de Bezerra, André Callegari, também havia dito ao jornal O Estado de S. Paulo “ao comentar uma possível troca no ministério, que Moro pode ser esquecido em 60 dias”.

Segundo Callegari, “essa declaração pode ter contribuído para a retaliação política”.

O Painel da Folha desta sexta-feira lembra que a determinação de Barroso aconteceu “após a aprovação da Lei de Abuso de Autoridade e a indicação de Augusto Aras para a PGR. Um ministro do Supremo afirma que Barroso inventou a roda ao rejeitar parecer do MPF e que quis salvar a operação”.

De acordo com o colunista Tales Faria, do UOL, num encontro depois da busca e apreensão no Senado, Bolsonaro teria perguntado a seu ministro da Justiça: “A Polícia Federal está sem controle?”.

Sergio Moro emitiu uma nota dizendo que o diálogo não aconteceu.

Fernando Bezerra é o principal fiador da indicação do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, à embaixada do Brasil nos Estados Unidos.

A indicação tem de passar pelo Senado.

O esperneio da Lava Jato, no entanto, pode estar com os dias contados.

A CPI da Lava Toga, que teria obtido as 27 assinaturas para ser instalada no Senado, era para ter tido o seu requerimento apresentado na quarta-feira, depois na quinta-feira… até agora nada.


Flávio Bolsonaro, o 01, se voltou ferozmente contra a CPI, apesar do ímpeto inicial dos Bolsonaro de investigar a Justiça.

O irmão dele, Eduardo, foi aquele que disse que para fechar o STF bastaria um cabo e um soldado.

A descrição da ferocidade de Flávio foi feita pela — neste caso — insuspeita revista direitista IstoÉ:

E a demanda número um do clã Bolsonaro atualmente é garantir a vigência de um “acordão” entre os poderes: o Senado não investiga os magistrados do STF, garantindo-lhes impunidade por eventuais deslizes éticos, e, em contrapartida, os juízes não apuram supostos crimes que o senador e sua família teriam cometido no Rio de Janeiro quando ele era deputado estadual.

Os crimes da família no Rio de Janeiro podem ser muito mais graves que enriquecimento ilícito. A suspeita é de envolvimento ainda que indireto com a milícia da Zona Oeste suspeita de mandar matar a vereadora Marielle Franco, do Psol. Indícios não faltam.

A indicação de Augusto Aras para a Procuradoria Geral da República faria parte do pacote para tirar Flávio Bolsonaro da linha de fogo, mas ao mesmo tempo esvaziar a Lava Jato — com o argumento de que a operação prejudica a economia ao causar instabilidade política.

A colunista Mônica Bérgamo informa hoje que a cabeça da procuradora Thaméa Danelon rolou antes mesmo da promoção.

Ela articulou com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato em Curitiba, o pedido de impeachment de Gilmar Mendes apresentado pelo advogado Modesto Carvalhosa:

A procuradora Thaméa Danelon não deve mais ser nomeada para chefiar a força-tarefa da Lava Jato que atua na PGR (Procuradoria-Geral a República), em Brasília. Ela já tinha conversado sobre a possibilidade com Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro para comandar a PGR. Aras se mostrou simpático à ideia —mas o plano mudou com a divulgação de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil que mostraram Thaméa atuando pelo impeachment do ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal).

Detalhe: Carvalhosa é parte em ação de R$ 80 bilhões de acionistas minoritários contra a Petrobrás!

Bérgamo também diz que Deltan estaria com os dias contados em Curitiba. Porém, como ele goza de muito prestígio entre os colegas, a informação não é dada como certa.

Neste momento, Moro, Deltan e o próprio Barroso parecem estar em viés de baixa.

No STF, sinais de maioria corporativa ao menos para frear os ímpetos mais escancaradamente inconstitucionais da Lava Jato.

Isso inclui considerar Sergio Moro um juiz suspeito, o que implicaria libertar o ex-presidente Lula e enfraquecer politicamente o atual ministro da Justiça.

Politicamente, o STF conta, é claro, com o apoio nada desinteressado dos picaretas do Congresso que querem escapar de investigações.

E, curiosamente, agora com a família que se elegeu numa plataforma anticorrupção: os Bolsonaro.

Como o mundo dá voltas!

A guerra interna no governo deve se aprofundar.

De onde Moro e Deltan podem sacar uma bala de prata? Talvez de informações privilegiadas obtidas fora do Brasil? Por canais informais, aqueles que a Lava Jato desenvolveu nos Estados Unidos?

Sem o Trump saber? Ou com o Trump sabendo e extraindo ainda mais concessões do governo Bolsonaro?

Vai ser interessante, certamente trágico, assistir ao desfecho.


Viomundo

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