Julian Rodrigues: “Crescem as contradições entre eles - é hora de intensificar a campanha #LulaLivre e a mobilização social contra Bolsonaro"


Foto: Ricardo Stuckert

As revelações do The Intercept já vinham desgastando Moro e Dallagnol e desconstituindo, aos poucos, a Lava Jato. A decisão do STF garantindo o direito dos acusados de se pronunciarem por último (mesmo ainda inconclusa) foi não só um grande freio de arrumação, mas um sinal de que o vento virou.

A reação desesperada dos cúmplices da Lava Jato no Supremo (Barroso, Facchin e Fux) e o resultado da votação escancaram o isolamento do trio.

A aprovação da lei do abuso de autoridade (com a derrubada da maioria dos vetos de Moro). A nova pancada da Vaza Jato – mostrando que Dallagnol rasgava a lei, os procedimentos e tudo o mais, operando em linha direta com fontes da Suíça. Ademais, para espanto geral da nação, a bomba da bomba. O ex-chefe de Dallagnol, ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, na vibe de lançar seu livro, revela que foi à sede do Supremo com uma pistola na cinta. Queria matar Gilmar Mendes – e depois ceifar a própria vida.

Vai demorar um pouco para entendermos o que levou o sujeito a fazer um troço desse. A reação geral foi imediata. Alexandre de Moraes mandou a PF apreender a arma de Janot em sua casa – e decretou ordem de restrição, proibindo-o de chegar perto de qualquer ministro do Supremo. Gilmar Mendes, em nota duríssima, além de o esmagar, abriu uma avenida para questionamento de todas ações penais conduzidas pelo ex-procurador. E ainda aconselhou Janot a procurar ajuda psiquiátrica.

Sentindo a virada do vento, Dallagnol (que nos próximos dias deixará de ser coordenador da Lava Jato) e sua turminha de Curitiba tentaram retomar a iniciativa. Assinaram, juntinhos (14 deles, tão bonitinhos), petição defendendo que Lula teve bom comportamento e já está na “iminência” de progredir para o regime semiaberto – desde, claro, que use uma tornozeleira.

Lula tem insistido que não é ladrão nem pombo-correio. Quer sair do cárcere com sua inocência reconhecida, totalmente livre. O bandidinho do Dallagnol quis se antecipar à possível decisão do STF, reconhecendo a parcialidade do seu comparsa (Moro) e tenta, então, jogar uma casca de banana no colo de Lula.

Não deixa de ser um reconhecimento. Percebem que estão na defensiva, pois o lavajatismo perde espaço a cada dia. O mau humor no andar de cima cresce, não só com Bolsonaro. Fica cada dia mais custoso (e contraproducente) sustentar a Lava Jato – ainda mais porque não são do núcleo duro do Bolsonaro.

O bolsonarismo segue forte, contudo – não nos enganemos. A aliança entre os diversos setores das classes dominantes nacionais com o imperialismo estadunidense, tendo como lastro o programa ultraliberal, antinacional e antissocial de Bolsonaro, permanece. Mesmo com ranger de dentes e narizes tapados.

Mas a conjuntura evolui rapidamente. O discurso de Bolsonaro na ONU consolida o isolamento internacional do Brasil e pode afetar interesses econômicos concretos de setores que o apoiam. Sua popularidade cai em ritmo forte, mas não alarmante. Está nítido que Bolsonaro (e o clã mais os olavistas) optou por falar à sua base mais fiel, o núcleo duro ultraconservador. É uma aposta arriscada – governar apenas com “ideologia” extremista e fake news. Sem mudanças na política econômica, a recessão, o desemprego e a queda da renda da maioria seguirão pelos próximos anos.

Bem feitas as contas, noves fora a pressão dos milicos e as subjetividades supremas, tudo aponta para a crescente insustentabilidade do cárcere de Lula.

Vamos soltar fogos? Nada disso. O cenário segue aberto. Quanto mais mobilização do lado de cá e quanto maior for a pressão internacional melhores as possibilidades de viramos essa página mais cedo.

Lula se agiganta.

A trajetória do ex-operário transmuta-se cada vez mais em epopeia, quase nas margens do hagiológico. Será uma bela lição para quem, na esquerda brasileira, e mesmo no PT, colocou em segundo plano a batalha pelo #LulaLivre.

Lula correndo o Brasil muda qualitativamente a correlação de forças.

Mais feio fica para as e os apressadinhos que já escalavam candidatos para o distante 2022. Lula é o candidato permanente do povo brasileiro à presidência da República. Em si, é um programa. Uma ideia.

“Eu não duvido, eu te anuncio”.

#LulaLivre #LulaPresidente


Revista Fórum]

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