‘Tenho muito medo de represálias’, diz Paulo Roberto Ramos Bilibio, sequestrado por policiais civis do 73º DP (Jaçanã) e ameaçado por tenente da Rota



Tenente da tropa mais letal da PM de São Paulo ameaçou empresário, que saiu do país | Foto: Divulgação/SSP


O empresário Paulo Roberto Ramos Bilibio, sequestrado e extorquido por investigadores do 73 DP (Jaçana) e por PMs, disse que saiu do Brasil porque tem medo da Polícia Civil e, principalmente, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa mais letal da polícia militar paulista.

Bilibio alega que em 4 de julho de 2019 foi abordado por policiais civis na região da Avenida Paulista e levado para o 73º DP (Distrito Policial), na zona norte de São Paulo. Segundo ele, na delegacia os policiais o acusaram de ser traficante e amigo de bandidos. Disseram, ainda, que ele havia aplicado um golpe em um empresário amigo de um dos investigadores daquela delegacia.

Para libertá-lo os policiais exigiram R$ 2 milhões da vítima. Bilibio fez algumas ligações telefônicas e conseguiu arrumar a princípio R$ 450 mil. O empresário foi levado nas proximidades de seu escritório, na região da Paulista, e um funcionário seu, o motorista, entregou o dinheiro para os corruptos.

Ainda de acordo com a vítima, outros R$ 550 mil foram entregues no dia seguinte na própria delegacia por um motorista e um segurança dele. Os agentes, no entanto, queriam mais R$ 1 milhão. O empresário, assustado pelas agressões e ameaças de morte recebidas na delegacia, e também cansado das extorsões, resolveu contar tudo para os seus advogados.

Ele foi orientado a denunciar o caso ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), de Santos, órgão subordinado ao Ministério Público Estadual de São Paulo.




Documento enviado por Bilibio aos seus advogados e ao Gaeco | Foto: Reprodução


Três dias depois do sequestro e extorsão, ocorridos em São Paulo, Bilibio sofreu nova intimidação. Segundo o empresário, o tenente da Rota José Ricardo Narlich Júnior o abordou em um shopping center de Santos a mando do empresário amigo dos policiais do 73º DP e o ameaçou.

Depois de denunciar os policiais civis e militares, Bilibio deixou o Brasil. Ele foi para Orlando, nos Estados Unidos, e teme pelas integridades dele, da mulher e dos filhos. Em um relatório de 12 páginas feito e entregue a seus advogados e ao Gaeco, ao qual a Ponte teve acesso, o empresário diz ter medo da polícia civil e, principalmente, da Rota, tropa a qual ele afirma sempre ter defendido.

Na última segunda-feira (30/9), a Secretaria da Segurança Pública divulgou nota informando que foram presos um investigador, três PMs e o empresário acusado de extorquir Bilibio. Ao todo, foram expedidos dez mandados de prisões. A SSP não divulgou o nome dos acusados.

Ponte apurou nesta quarta-feira (2/10), junto ao presídio militar Romão Gomes, que o tenente Narlich, da Rota, está recolhido naquela unidade prisional. A reportagem não conseguiu contatar o advogado do tenente.



Ponte Jornalismo

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