POR FERNANDO BRITO 


Basta que o distinto leitor e a cara leitora imaginem o que seria uma manifestação de petistas que dependurasse um retrato de Luiz Edson Fachin ou Luiz Roberto barroso em um poste e convidasse os transeuntes a nestes atirarem tomates podres.

O fato estaria, neste momento, a escandalizar o país. Editoriais furiosos, repercussões dramáticas na televisão, manifestações de juízes, promotores, militares e quem mais houvesse contra o “ataque às instituições”, acusações de uma agitação pró-autoritária e o governo sendo, no mínimo, sendo cobrado a condenar esta barbárie e a responsabilizar criminalmente os autores da “tomatada”, vermelha, por sinal.


No entanto, entre os tomateiros de ontem, 11 em cada 19 eram “moristas” e “bolsonaristas”, categorias às quais hoje não faz muito sentido separar, e ainda estou à procura de reações indignadas.

Ao contrário, o que aparece na Folha é mais um procurador lavajateiro a cobrar que o Senado ponha “freios” ao Supremo Tribunal Federal, não se esclarecendo se isso seria ter comportamento semelhante ao dos “tomateiros” da Paulista.

Não que sejam novidade estas pressões, elas vêm de longe: alguns hão de se recordar com a chantagem – grosseira e mal-sucedida – sobre o decano do STF, Celso de Mello, no julgamento dos embargos de declaração do denominado “Mensalão”.

Mas ainda cabiam no papel torto da mídia, enquanto agora partem para a agressão de rua, nem sempre com tomates em retratos. Ou alguém duvida que essa gente está a um passo de ir além das pancadas que deu no carro do presidente do STF, outro dia? Ou o famoso tuíte do general Villas Boas não se assemelhou a uns tapas na lataria do próprio Supremo?

Pouco adiantará, porém, ir responsabilizar os arremessadores de tomate, muitos deles siderados pelo ambiente de ódio que havia se havia formado, expressando o que se passa nas redes moro-bolsonaristas.

É preciso fechar o caminho desta turba e isso exige enfrentar Moro e a corrente totalitária que se formou no MP e no Judiciário e o projeto de desmanche do país, em curso pelas mãos de Paulo Guedes, ao qual a onda autoritária se associa.

Só não vê quem não quer que os arremessadores de tomate são a face visível e caricata de algo nada divertido: a quebra definitiva do regime democrático que, há mais de três décadas, este país reconstruiu.

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