Raul Seixas, que tinha suas loucuras mas não era jamais um psicopata, escreveu, em 1973, a música Ouro de Tolo, um de seus primeiros grandes sucessos, num compacto (alguém se lembra dos compactos?) com Paulo Coelho, seu parceiro.
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Nela, o ‘maluco beleza’ dizia que devia estar contente “por ter conseguido tudo o que eu quis”, mas confessa, “abestalhado”, que está decepcionado “por que foi tão fácil conseguir” e pergunta “e daí?”. Responde a si mesmo que “Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar/ E eu não posso ficar aí parado”.
Ficar parado, com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar.
Pois ainda que sendo Raul completamente inocente desta previsão, está assim o psicopata que ocupa o Planalto.
O cargo caiu-lhe no improvável colo por uma mistura de fanatismo político, fundamentalismo evangélico, boçalidade em alta, polícias milicianizadas, judicialização obtusa da política e a frustração de uma crise econômica que seguiu-se a uma década de crescimento e afluência como poucas vezes teve o Brasil.
Elites fracas, burras e sem projeto de país que vá além de sua ostentação, apadrinharam-no e, como escreveu Raulzito, não lhe faltaram “doutor, padre ou policial que está contribuindo com sua parte para nosso belo quadro social”.
Caiu-lhe do céu – ou brotou-lhe do Inferno, mais provável – a ajuda de outro maluco nada “beleza” que providenciou a providencial facada, ajudando a formar o “mito”, o que ia nos salvar dos “demônios vermelhos”, um tanto gays e lésbicas, decerto maconheiros e promotores de orgias nos jardins de infância.
Foi, afinal, “tão fácil conseguir”. Mas não podia livrar-se de se ” olhar no espelho e se sentir um grandessíssimo idiota” e saber “que é humano, ridículo, limitado e que só usa 10% de sua cabeça animal”.
Dispensa narrativas seu fracasso como condutor de uma nação. Assim também o seu permanente flerte com a morte: armas liberadas, eliminação dos radares rodoviários, fim da cadeirinha infantil e dos exames toxicológicos para motoristas de carretas rodoviárias.
Mas veio a pandemia, a praga como as do Egito, ceifando vidas e o que ocorre
O nosso reverso de Moisés viu a chance de tornar-se mais que um homem de sorte, de se transformar em um rei, de fato, capaz de instaurar uma dinastia de imbecis, já que a prole é, por gosto e emprego, tão imbecil quanto ele.
Tem a matéria-prima para isso: é o ungido para sua vara de alucinados, seus argumentos baseiam-se na sua torta fé, não na razão, tem sua guarda pretoriana verde-oliva e, agora, tem a morte, a fome, a miséria extrema para compor o cenário devastado de sua marcha.
Como Moisés ao reverso que é, porém, sua terra prometida é o cativeiro e a servidão ao faraó que… bem, deixo que a imaginação te responda em laranja.
Jair Bolsonaro crê-se rei e pensa em reinar sobre a devastação. Os senhores que o puseram no trono, porém, já não o sustentam e suas legiões fanáticas estão longe de serem o bastante para sustentá-lo, por mais que as mande rosnar nas ruas.
Outras legiões, estas sim, poderosas e bem armadas, que apenas esperam para dizer que um país em convulsão – aquela que ajudaram a provocar – as está chamando.
Ficar parado, com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar.
Pois ainda que sendo Raul completamente inocente desta previsão, está assim o psicopata que ocupa o Planalto.
O cargo caiu-lhe no improvável colo por uma mistura de fanatismo político, fundamentalismo evangélico, boçalidade em alta, polícias milicianizadas, judicialização obtusa da política e a frustração de uma crise econômica que seguiu-se a uma década de crescimento e afluência como poucas vezes teve o Brasil.
Elites fracas, burras e sem projeto de país que vá além de sua ostentação, apadrinharam-no e, como escreveu Raulzito, não lhe faltaram “doutor, padre ou policial que está contribuindo com sua parte para nosso belo quadro social”.
Caiu-lhe do céu – ou brotou-lhe do Inferno, mais provável – a ajuda de outro maluco nada “beleza” que providenciou a providencial facada, ajudando a formar o “mito”, o que ia nos salvar dos “demônios vermelhos”, um tanto gays e lésbicas, decerto maconheiros e promotores de orgias nos jardins de infância.
Foi, afinal, “tão fácil conseguir”. Mas não podia livrar-se de se ” olhar no espelho e se sentir um grandessíssimo idiota” e saber “que é humano, ridículo, limitado e que só usa 10% de sua cabeça animal”.
Dispensa narrativas seu fracasso como condutor de uma nação. Assim também o seu permanente flerte com a morte: armas liberadas, eliminação dos radares rodoviários, fim da cadeirinha infantil e dos exames toxicológicos para motoristas de carretas rodoviárias.
Mas veio a pandemia, a praga como as do Egito, ceifando vidas e o que ocorre
O nosso reverso de Moisés viu a chance de tornar-se mais que um homem de sorte, de se transformar em um rei, de fato, capaz de instaurar uma dinastia de imbecis, já que a prole é, por gosto e emprego, tão imbecil quanto ele.
Tem a matéria-prima para isso: é o ungido para sua vara de alucinados, seus argumentos baseiam-se na sua torta fé, não na razão, tem sua guarda pretoriana verde-oliva e, agora, tem a morte, a fome, a miséria extrema para compor o cenário devastado de sua marcha.
Como Moisés ao reverso que é, porém, sua terra prometida é o cativeiro e a servidão ao faraó que… bem, deixo que a imaginação te responda em laranja.
Jair Bolsonaro crê-se rei e pensa em reinar sobre a devastação. Os senhores que o puseram no trono, porém, já não o sustentam e suas legiões fanáticas estão longe de serem o bastante para sustentá-lo, por mais que as mande rosnar nas ruas.
Outras legiões, estas sim, poderosas e bem armadas, que apenas esperam para dizer que um país em convulsão – aquela que ajudaram a provocar – as está chamando.

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