Reportagem da Folha mostra que os números sobre coronavírus no Brasil são acentuadamente inconfiáveis, mesmo que o aumento em 1.600 casos de ontem para hoje deva soar todos os alarmes.

Não há testes precisos em quantidade, não há capacidade de processá-los e nenhum controle sobre os testes rápidos (e imprecisos) arrumados às pressas pela Vale.

Comparados a países vitoriosos na contenção da expansão do vírus, como a Coreia, nossa situação de insuficiência é aterradora:

A Coreia do Sul virou exemplo no combate ao novo coronavírus. Na estratégia do país asiático de 51 milhões de habitantes, mais de 400 mil testes já foram feitos. As pessoas que recebem o resultado positivo são isoladas e tratadas, e seus contatos mais próximos são rastreados para passar pelo exame.
Dessa forma, uma rede de rastreamento é criada e a expansão do vírus é bloqueada nas fontes do contágio.
Já no Brasil, o Ministério da Saúde diz que não há um levantamento sobre quantos testes já foram feitos no Brasil. A pasta apenas afirmou à Folha que distribuiu 58 mil testes de biologia molecular (conhecidos como PCR), que levam mais tempo para ter um resultado mais preciso, e 500 mil testes rápidos, que dão resposta em até 20 minutos mas têm limitações.

Detalhe: repare lá que a Coreia do Sul tem quatro vezes menos habitantes que o Brasil.

Falei agora há pouco na TVT  sobre como é uma completa irresponsabilidade, sem dados de testes confiáveis, afrouxar as políticas de isolamento, justamente porque não é possível quantificar com um mínimo de precisão quantos são e onde estão os infectados.

Sem isso, não há como decidir-se por nada que facilite a expansão dos casos que não se sabe quanto para um número que não se pode imaginar.

É preciso definir critérios, como fez a China que, a determinado momento passou a definir como caso positivo todos os que tivessem esta classificação por diagnóstico clínico, mesmo que “errando para mais”, porque seriam pacientes sem necessidade de internação hospitalar, embora com recomendação de isolamento domiciliar.

O número de casos é, com toda a certeza, bem maior do que o que está sendo anunciado e é isso que explica a taxa de mortalidade de quase 5%, bem maior do que a grande maioria dos países que enfrentam o Covid-19. É que o dividendo (número de casos confirmados) está subestimado, enquanto o divisor (as mortes) é muito objetivo.

Parece, entretanto, que a escala de crescimento dos casos mudou de patamar e isso dá a entender que o final de abril, entrando por maio, nos dará o pico da epidemia.

E as cenas de dor e impotência que vimos por toda a parte.


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