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Marcos Corrêa/PR |
Economia tem que ser a criativa
Por Israel Aparecido Gonçalves*
A política econômica do governo federal privilegia as grandes empresas, ação que denuncia um desconhecimento de estratégias eficientes para retirar o país da crise aprofundada pelo Coronavírus.
Aliás, o governo confunde investimentos em grandes aglomerados econômicos, reformas na administração pública e privatizações com desenvolvimento nacional.
Desenvolvimento nacional configura-se um conjunto de ações que atingem desde a grande indústria ao microempreendedor individual (MEI) e deve ser entendido não apenas como um fenômeno econômico, mas também como uma estratégia interna de um país e suas atividades como global player.
Num momento histórico, vivenciando uma pandemia sem precedência no Brasil, a economia criativa é uma ferramenta possível para projetar empresas no mercado mundial e gerar renda em várias áreas para quem precisa.
Para que isso se torne um projeto nacional é necessário melhorar a conexão da internet em todo o país, investir na formação do conhecimento computacional dos alunos, nas cidades inteligentes (Smart cities) e no empreendedorismo em rede ou colaboracionista.
Na contramão dessa via, quando o governo realiza privatizações sem destinar o dinheiro da venda para uma política pública ou para um projeto de desenvolvimento, vende-se o patrimônio do país unicamente para atender aos anseios de uma elite empresarial.
Dessa forma, empresas estrangeiras incorporam as nossas riquezas e os problemas nacionais persistem, como foi o caso do período do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) quando várias estatais foram vendidas e o governo federal arrecadou mais de 78 bilhões de dólares para pagar a dívida pública, porém o mandato do ex-presidente terminou em 2002, com uma dívida de 245 bilhões de dólares.
Parecida com modelos adotados por outros governos e explorado pelo ministro da economia, Paulo Guedes, reduz a economia criativa a um modelo periférico, menosprezando-a como ferramenta para o desenvolvimento do país.
De tal forma que a economia criativa está alocada na secretaria especial da cultura (subordinada ao ministério do Turismo), como um item mais alegórico do que uma política pública de fato.
Segundo dados veiculados no site da Secretaria da Cultura, entre os anos de 2013 a 2017, os setores ligados à economia criativa cresceram “a uma taxa média anual de 8,1%, bem acima do conjunto da economia. A participação no PIB, por sua vez, é superior a de setores tradicionais como as indústrias têxtil e farmacêutica. Tais dados evidenciam a relevância do setor, de seus agentes e também da Secretaria e da política cultural”.
Ora, se a economia criativa tem um crescimento econômico maior que os setores tradicionais, conforme o próprio governo, por que está escondida sob a administração de uma outra secretaria?
Por que tal economia está à margem da agenda de Guedes?
O motivo é simples: o ministro tem a função de beneficiar as grandes empresas, relegando para secretarias “menores” projetos econômicos importantes como a economia solidária, alocada no Ministério da Cidadania.
Assim, sem prestigiar ou investir de fato na economia local e seus diversos arranjos produtivos, o governo federal adota uma postura equivocada tornando-se o principal entrave para o desenvolvimento nacional.
Convém salientar que em países como o Brasil, optar pelo neoliberalismo como modelo econômico é buscar de forma racionalizada intensificar a desigualdade socioeconômica do país.
É preciso, pois, incentivar a economia criativa, compreender que com investimentos em pequenas e microempresas, assim como em arranjos de produtos locais, é que o Estado brasileiro possibilitará à sociedade vislumbrar a saída da crise econômica, mas isso é uma opção política para líderes que de fato querem desenvolver o Brasil.
*Israel Aparecido Gonçalves é autor de quatro livros, cientista político e doutorando em Sociologia Econômica (UFSC). E-mail: educa_isra@yahoo.com.br
Viomundo
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