Lula: "Faço questão de dizer que Bolsonaro tem de ser tratado como genocida" - Ricardo Stuckert

Em entrevista ao jornal O Liberal, presidente Lula diz que o Brasil já se cansou de Bolsonaro, um “genocida” que “não faz outra coisa que não seja zombar da sociedade”



Em entrevista ao jornal O Liberal, do Pará, veiculada neste sábado (3), o presidente Lula rebateu as falas de quem diz ser necessário “superar a polarização” no Brasil. “Quem fala de polarização é quem quer fabricar uma terceira via, uma quarta via. Daqui a pouco vão fazer um sorteio na Caixa para definir qual via vai ser. A polarização que existe é entre a democracia, representada por mim, e o fascismo, representado pelo Bolsonaro. É isso que está na disputa”, enfatizou (assista a íntegra abaixo).

Lula disse que, sendo ele candidato ou não, a eleição será polarizada porque toda disputa eleitoral acaba sendo decidida dessa forma. O que o Brasil precisa superar, ressaltou, são os desmandos de Bolsonaro. “E quem vai vencê-lo será o povo brasileiro”, afirmou. “O Brasil está cansado e precisa de paz, de salário, de saúde, de segurança, e não de um presidente que não entende nada disso e não faz outra coisa que não seja zombar da sociedade brasileira.”

Lula lembrou que a CPI da Covid vem mostrando os crimes de Bolsonaro, que pode ser responsabilizado por grande parte das mostres por Covid-19 no país. “Hoje, ele já pode ser considerado responsável por pelo menos metade das mortes por Covis-19 neste país. Se ele tivesse criado um protocolo no início da pandemia, respeitado a ciência, se comportado com a firmeza com que os governadores têm tentado se comportar e determinado a compra da vacina no momento certo, certamente a gente não teria a quantidade de pessoas que temos contaminadas nem essa quantidade de pessoas que já morreram, 520 mil pessoas”, avaliou.

Para Lula, não há outro termo para descrever Bolsonaro que não genocida. “Eu faço questão de dizer que Bolsonaro tem de ser tratado como genocida porque eu nunca vi alguém tratar com tanto desrespeito a humanidade e o seu povo”, lembrando que só o ato de retirar a máscara de uma criança de colo em plena aglomeração já seria suficiente para taxar o atual presidente dessa forma.

Por isso, Lula disse ser inaceitável que o presidente da Câmara, Arthur Lira, nem mesmo analise os 125 pedidos de impeachment já protocolados na Casa, agora reunidos em um superpedido de impeachment. Ele também elogiou o trabalho que vem sendo feito pela CPI da Covid, que tem “desnudado o monstro que foi plantado no Brasil com a negação da política e as várias mentiras contadas sobre o PT e Lula”.

“Se forem verdade as denúncias de corrupção na compra de vacinas, as denúncias do gabinete paralelo, todas as coisa que estão falando contra o governo e contra ministros do governo, acho que a CPI pode efetivamente pedir à Suprema Corte a interdição do Bolsonaro ou pode, com base no relatório, apresentar mais um pedido de impeachment”, previu.

Eletrobras e Amazônia

Lula comentou também os planos do governo Bolsonaro de privatizar a Eletrobras. “É um crime contra o patrimônio nacional privatizar a Eletrobras. A Eletrobras é um dedo do estado indutor e controlador do sistema elétrico deste país. Se privatizarem, quero conversar com vocês daqui a três, quatro anos e vamos ver qual será o preço da energia para os consumidores, os empresários… Vai estar muito mais caro. Só o Estado pode garantir que as pessoas recebam luz elétrica barata e se for necessário de graça. Por isso, é um crime contra a soberania nacional e os interesses do povo brasileiro a privatização de Eletrobras”, disse.

Sobre a Amazônia, Lula frisou não haver mais necessidade de desmatar a floresta, uma vez que o Brasil tem condições de recuperar terras que hoje estão degradadas. “Vamos trabalhar para recuperar essa área. Se o Brasil quer produzir etanol, tem de produzir em área degradada, não no Pantanal, o que eu tinha proibido em 2009 (e Bolsonaro voltou a autorizar). Hoje, preservar a floresta é mais rentável que criar gado em determinadas áreas. Vamos usar a preservação para arrecadar dinheiro dos países ricos para eles nos ajudarem a explorar cientificamente a Amazônia, para a gente extrair todo o potencial fantástico e desconhecido da biodiversidade da Amazônia”, defendeu.

Da Redação 

pt.org.br


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