Bolsonaro participa de ato no Amazonas no contexto da morte de ativistas. Foto: Jeso Carneiro / Câmara dos Deputados |
Jean Paul Prates
congressoemfoco.uol.com.br
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Está marcada para este sábado (18) mais uma motociata comandada pelo homem que deveria estar governando o Brasil. Ou melhor, poderia ser mais uma, se o patético espetáculo de homens adultos, geralmente brancos, gastando cilindradas e combustível pelas ruas do país fosse em qualquer outro lugar do nosso vasto território.
A motociata deste sábado, porém, vai ter a carga simbólica de um tapa na cara de uma nação traumatizada, quando atravessar a cidade de Manaus, capital do Amazonas, estado onde o desdém pela vida, pela natureza, pelos povos indígenas, pelos servidores de Estado que lutam para fazer seu trabalho e pela liberdade de imprensa assassinou o indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips.
Na Roma Antiga, os generais e suas legiões eram recebidos com festa após vitórias militares e desfilavam em triunfo pela cidade engalanada. Bolsonaro, o perverso, não é um general — sua trajetória militar foi estancada no posto de tenente, quando recebeu a leniência de ser afastado da corporação por “inadequação psiquiátrica” após planejar atos terroristas.
Bolsonaro também não é líder ou comandante. É apenas o chefe nefando de uma turba dissoluta que se move pelo recalque e pela incompatibilidade com o pacto civilizatório que nos permite viver em sociedade.
Sua tentativa de protagonizar um “triunfo” de degenerados pelas ruas de Manaus é só mais um sintoma do adoecimento que este espantalho carregado pelo projeto de saquear o Brasil provoca em nosso País.
Não basta dilapidar o patrimônio público, como a Eletrobras, para beneficiar meia dúzia. Não basta estrangular os estados, cortando sua arrecadação, numa tresloucada tentativa de baixar os preços dos combustíveis, sem atacar a real causa da alta.
Também não bastou abraçar a pandemia e rir de suas vítimas. Até esta sexta-feira (17), o coronavírus já matou 669 mil brasileiros e brasileiras, enquanto o governo armazena 11,7 milhões de doses de vacinas contra Covid com data de validade até julho e mais 28 28 milhões vencendo em agosto, sem qualquer campanha de estímulo à imunização da população.
Bolsonaro está disposto a jogar no lixo R$ 1,21 bilhão em vacinas para não dar o braço a torcer em sua indiferença à vida.
E ele precisa ir além. Precisa debochar de um trabalhador asfixiado por agentes públicos em uma viatura policial, como zombou das vítimas da Covid lutando para respirar. Precisa difamar um indigenista e um jornalista mortos pelo lado escuro da força que ele encarna e estimula.
E tem gente que se melindra com a “polarização”. Mas afinal, como não lutar com todas as forças pra se colocar como antípoda de tal degenerado e seus asseclas? Como não abraçar o único projeto político capaz de despachar essa depravação?
Eu também quero viver em um país politicamente plural, onde as ideias, organizações e projetos tenham infinitos tons de todas as cores. Onde o meu lado, vermelho e petista, possa dialogar, conviver, divergir ou concordar com todos os matizes da democracia.
Mas hoje, nesse País traumatizado, que sangra gota a gota com a saraivada de tragédias promovidas por um projeto maléfico, é preciso compreender que só há dois caminhos. Como disse recentemente o deputado Marcelo Freixo, só há uma via, que é Lula, e a contramão, que é Bolsonaro.
É hora de escolher entre a marcha da civilização ou a motociata dos celerados. Felizmente, o Brasil já mostrou que sabe para onde e com quem quer caminhar.
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