A França Insubmissa e organizações estudantis convocaram uma ‘grande manifestação contra o golpe’ para 7 de setembro


Redação Opera Mundi | 27 de agosto de 2024
operamundi.uol.com.br
4–5 minutos

presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou, nesta terça-feira (27/08), uma nova rodada de consultas para nomear um primeiro-ministro, depois de se recusar a indicar um governo de esquerda, agravando um clima político cada vez mais tenso.

O presidente de centro-direita já descartou voltar a se reunir com o partido de esquerda A França Insubmissa (LFI) e com a extrema direita de Marine Le Pen e seus aliados. Os líderes socialistas, ecologistas e comunistas, aliados da LFI na coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), anunciaram, no entanto, que não participarão do governo, depois que Macron se recusou a nomear a candidata à primeira-ministra da NFP, a economista Lucie Castets.

Como principal bloco oriundo das eleições legislativas realizadas há dois meses, ainda que distante da maioria absoluta, a NFP considera que cabe a ela formar o governo, mas Macron a rejeitou na segunda-feira em nome da “estabilidade institucional”.

A LFI, ao lado de organizações estudantis, convocou uma “grande manifestação contra o golpe” de Macron para 7 de setembro, na primeira semana de retorno às aulas na França após as férias de verão.

A cientista política francesa, Florence Poznaski, aponta que ao recusar no nome de Castets antes de que ela apresente uma proposta de governo, o presidente Emmanuel Macron está extrapolando sua função e antecipando uma decisão que cabe ao Parlamento.

“Ele pode nomear Lucie Castets, esperar ela propor o governo, apresentar sua proposta para a Assembleia Nacional e quem vota censura são os deputados. Não é um presidente que tem que antecipar se os deputados vão votar a censura ou não. E se tiver censura, tudo bem. Mas enquanto isso, ele nomeia a representante da principal força política”, disse ela ao Brasil de Fato


Wikimedia Commons/Remi Jouan
O presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou uma nova rodada de consultas para nomear um primeiro-ministro no país após se recusar a indicar um governo de esquerda
Macron tenta isolar o partido de esquerda A França Insubmissa, afirmando que não aceitaria um governo formado por representantes do partido. O líder do partido, Jean-Luc Mélenchon, por sua vez, sinalizou que a LFI retiraria seus representantes da formação do novo governo, em favor de Lucie Castets, mas, mesmo assim, Macron se negou a nomeá-la como primeira-ministra.

“Todos os deputados, as figuras políticas da centralidade do Macron, tentaram demonizar a França Insubmissa, inclusive para enfraquecer a coesão da Nova Frente Popular e tentar recuperar alguns candidatos do Partido Socialista para legitimar um governo centrista”, aponta Poznaski.

O socialista Olivier Faure denunciou na televisão France 2 “uma paródia de democracia”, enquanto a ecologista Marine Tondelier considerou na rádio Franceinfo que o presidente está “em plena deriva iliberal”.

Outra irregularidade que vem sendo apontada pela esquerda francesa em relação à interferência de Macron no processo acontece em relação à eleição da representante da Assembleia Nacional. A vitória de Yaël Braun-Pivet, ao final de julho, contou com votos de ministros do governo provisório – que se licenciaram do cargo para a votação.

“Como a candidata do governo tinha poucos votos, os ministros foram votar na Assembleia Nacional o que permitiu que ela fosse reeleita. Isso criou uma questão constitucional. Inclusive, a Nova Frente Popular pediu para que seja analisada essa questão porque você não pode, ao mesmo tempo, ser deputado e ministro. Você não pode continuar a exercer a função de ministro, e voltar a votar na Assembleia Nacional. Esse é um ponto que tem sido questionado e que não teve resposta.”

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads