Democracia liberal colapsa. Nos EUA e Europa, coração do colonialismo, demência senil da oligarquia branca quer liquidar a política e levar o planeta à catástrofe. A resistência, agora, é multiplicar pontos de refúgio, sob a ética da frugalidade
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Franco Berardi
3–4 minutos
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Foto: Wallhere |
Por Franco “Bifo” Berardi, em seu blog | Tradução: Rôney Rodrigues
Quando uma avalanche está prestes a se formar em uma montanha, talvez exista a possibilidade de impedir que ela desça em direção à cidade que está lá embaixo no vale. Mas, quando a avalanche já começou e desce rapidamente pela encosta, de nada adianta tentar detê-la; a única coisa que você pode fazer é escapar rapidamente e se preparar para o que vem a seguir.
A cidade está perdida, e, se sobreviver, você terá que construir outra.
Parece-me que essa é a situação atual.
A democracia liberal está morta, as defesas do passado já não conseguem resistir à força da avalanche ultrarreacionária que desce a encosta.
A grande deportação prometida por Trump, a criação de campos de concentração para imigrantes por toda a bacia do Mediterrâneo.
Leis de segurança.
A liquidação do sistema público de saúde e educação.
A precarização da força de trabalho e o estabelecimento de bolsões de trabalho escravo em todas as cadeias produtivas.
Essas são as linhas de transformação que a avalanche promete provocar.
É muito provável que o excesso de confiança e a arrogância preguem peças inesperadas e que o grupo de mafiosos que ocupa a Casa Branca logo se veja obrigado a lidar com sua própria nêmesis.
No final de fevereiro, veremos também como terminam as eleições alemãs: uma vitória de Merz significaria não apenas que o nazismo volta a ser dominante na Alemanha, mas que todo o continente optou pelo racismo e pela deportação.
O coração do sistema hipercolonial, os Estados Unidos e a Europa, está preso a um frenesi que pode até provocar atos suicidas.
Mas, por outro lado, a experiência do século passado ensina que o nacionalismo acumula energias destrutivas que tendem a provocar a tragédia.
Dessa explosão de demência senil da raça branca pode surgir a catástrofe definitiva da civilização humana.
Mas, por outro lado, poderia resultar no colapso da dominação branca sobre o mundo.
A sociedade não pode deter a avalanche, mas pode encontrar formas de sobreviver e se preparar para o que vem a seguir.
O que resta a fazer é multiplicar os pontos de fuga e os refúgios onde sobreviver durante a tempestade.
Desertar e imaginar formas de vida frugal, em um novo horizonte de felicidade inimaginável no momento.
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