Moisés Mendes
blogdomoisesmendes.com.br
4–5 minutos
Se decidisse investir na carreira de cantor sertanejo, Tarcísio de Freitas poderia treinar durante um ano o grito desesperado dos homens abandonados pelas mulheres, mas nunca atingiria o nível de um Gusttavo Lima.
Pois Gusttavo Lima, sem histórico e sem treino algum como político, já é mais forte do que Tarcísio como nome da direita para 2026. Esse é o vexame revelado pela mais recente pesquisa Quaest e que a grande imprensa escondeu.
A Quaest mostra que Tarcísio de Freitas começa a construir a versão bolsonarista de João Doria, o tucano que fracassou como pré-candidato a presidente em 2022. Mesmo estando na maior vitrine política do país depois da presidência da República.
Na pesquisa, Lula vence todos os candidatos da direita no primeiro e no segundo turno, meio que de barbada. No segundo turno, dispara à frente de todos com quase 10 pontos percentuais.
No primeiro turno, com Lula ao redor de 34%, em cinco cenários, o grupo mais identificado com Bolsonaro, de Tarcísio, Gusttavo Lima, Pablo Marçal e Eduardo Bolsonaro, consegue algo em torno de 13% para cada um.
Mas um dos cenários mostra Lima com 18%, cinco pontos à frente de Tarcísio. Numa simulação de segundo turno, Tarcísio obtém 34%, o mesmo índice de Marçal e Eduardo. Mas Gusttavo Lima tem 35%.
Podem dizer que é um ponto de diferença, o que talvez não signifique nada numericamente. Mas não é esse o detalhe a ser observado. O detalhe devastador é que Tarcísio não consegue se apresentar como candidato mais forte do que um cantor sertanejo.
Os outros dados comprovam suspeitas que a direita se esforça para negar. Romeu Zema e Ronaldo Caiado, com índices de um dígito, aparecem na pesquisa como pangarés.
Caiado é o que se sai melhor, com 8%. Todos têm menos do que Ciro Gomes, que numa das simulações obtém surpreendentes 13%, quando fez 3% em 2022.
A pesquisa expõe uma realidade tenebrosa para o bolsonarismo e para a velha direita. Todos os que seriam candidatos do primeiro time se equivalem, e se Damares Alves e Silas Malafaia substituíssem alguns deles, é provável que viessem a ter a mesma performance.
Tarcísio pode estar enfrentando o que existe de pior nessas circunstâncias. Não é nem o extremista moderado que a grande imprensa tenta criar e também não é o nome que passe vigor e fidelidade e possa representar o bolsonarismo genuíno sem Bolsonaro.
Doria, o pai da vacina da Covid, não conseguiu se firmar como o candidato que, posicionado ao centro, representaria uma alternativa a Bolsonaro. Virou algo disforme tanto para a direita quanto para a extrema direita.
É o que pode se repetir com Tarcísio, que fez força para se posicionar como bolsonarista raiz e não convence ninguém, nem os ideólogos do fascismo de centro, de que é capaz de enfrentar Lula. Tarcísio é fraco, é um mau produto.
O resumo, se é que precisa, é esse mesmo. O eleitor está dizendo que não tá nem aí para Tarcísio de Freitas.
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas 'Todos querem ser Mujica' (Editora Diadorim)
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Se decidisse investir na carreira de cantor sertanejo, Tarcísio de Freitas poderia treinar durante um ano o grito desesperado dos homens abandonados pelas mulheres, mas nunca atingiria o nível de um Gusttavo Lima.
Pois Gusttavo Lima, sem histórico e sem treino algum como político, já é mais forte do que Tarcísio como nome da direita para 2026. Esse é o vexame revelado pela mais recente pesquisa Quaest e que a grande imprensa escondeu.
A Quaest mostra que Tarcísio de Freitas começa a construir a versão bolsonarista de João Doria, o tucano que fracassou como pré-candidato a presidente em 2022. Mesmo estando na maior vitrine política do país depois da presidência da República.
Na pesquisa, Lula vence todos os candidatos da direita no primeiro e no segundo turno, meio que de barbada. No segundo turno, dispara à frente de todos com quase 10 pontos percentuais.
No primeiro turno, com Lula ao redor de 34%, em cinco cenários, o grupo mais identificado com Bolsonaro, de Tarcísio, Gusttavo Lima, Pablo Marçal e Eduardo Bolsonaro, consegue algo em torno de 13% para cada um.
Mas um dos cenários mostra Lima com 18%, cinco pontos à frente de Tarcísio. Numa simulação de segundo turno, Tarcísio obtém 34%, o mesmo índice de Marçal e Eduardo. Mas Gusttavo Lima tem 35%.
Podem dizer que é um ponto de diferença, o que talvez não signifique nada numericamente. Mas não é esse o detalhe a ser observado. O detalhe devastador é que Tarcísio não consegue se apresentar como candidato mais forte do que um cantor sertanejo.
Os outros dados comprovam suspeitas que a direita se esforça para negar. Romeu Zema e Ronaldo Caiado, com índices de um dígito, aparecem na pesquisa como pangarés.
Caiado é o que se sai melhor, com 8%. Todos têm menos do que Ciro Gomes, que numa das simulações obtém surpreendentes 13%, quando fez 3% em 2022.
A pesquisa expõe uma realidade tenebrosa para o bolsonarismo e para a velha direita. Todos os que seriam candidatos do primeiro time se equivalem, e se Damares Alves e Silas Malafaia substituíssem alguns deles, é provável que viessem a ter a mesma performance.
Tarcísio pode estar enfrentando o que existe de pior nessas circunstâncias. Não é nem o extremista moderado que a grande imprensa tenta criar e também não é o nome que passe vigor e fidelidade e possa representar o bolsonarismo genuíno sem Bolsonaro.
Doria, o pai da vacina da Covid, não conseguiu se firmar como o candidato que, posicionado ao centro, representaria uma alternativa a Bolsonaro. Virou algo disforme tanto para a direita quanto para a extrema direita.
É o que pode se repetir com Tarcísio, que fez força para se posicionar como bolsonarista raiz e não convence ninguém, nem os ideólogos do fascismo de centro, de que é capaz de enfrentar Lula. Tarcísio é fraco, é um mau produto.
O resumo, se é que precisa, é esse mesmo. O eleitor está dizendo que não tá nem aí para Tarcísio de Freitas.
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas 'Todos querem ser Mujica' (Editora Diadorim)
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