Os jornalões ficaram perdidos e não abordam em seus editoriais a decisão de Paulo Gonet, com exceção apenas do Estadão. Mas todos tratam da questão fiscal… No meio do ataque da PGR ao núcleo do golpe.
blogdomoisesmendes.com.brMoisés Mendes
3–4 minutos
Um editor aproveitou o descuido da chefia e produziu a melhor combinação de texto e foto, na capa da versão online do jornalão que mais defende a extrema direita.
Globo, Folha e Estadão vão levar um tempo até se darem conta de que a roda girou com a denúncia de Paulo Gonet contra as facções do golpe. E que, sem a direita antiga, terão de se agarrar à nova extrema direita moderada de Tarcísio de Freitas.
Os jornalões ficaram perdidos e não abordam em seus editoriais a decisão de Paulo Gonet, com exceção apenas do Estadão. Mas todos tratam da questão fiscal… No meio do ataque da PGR ao núcleo do golpe.
O Estadão pede no editorial: “Denúncia da PGR contra ex-presidente deve ser analisada com serenidade pelo STF”. Tentem encontrar algo semelhante quando da caçada e do julgamento em tempo recorde de Lula.
Pois a Folha tem, no dia seguinte à divulgação da bomba contra os golpistas, dois editoriais contra Lula:
“Lula faz demagogia ao criticar preço dos combustíveis” e “Impopularidade pode aumentar irresponsabilidade fiscal”.
Elio Gaspari, sempre lembrado como o jornalista que mais entende de militares e de golpes, publica na capa da Folha:
“Lula não tinha uma semana tão amarga desde a Lava Jato”
No dia em que generais são denunciados como parte de uma gangue, Gaspari vem com a pauta requentada da queda de Lula nas pesquisas.
Outra que foi na mesma linha é Zeina Latif, na capa do Globo, com vivas para o mercado financeiro:
“Lula tropeça e a Faria Lima se anima”
Há textos variados com tentativas meio disfarçadas de defesa de Bolsonaro, como esse de Francisco Leali no Estadão:
“Denúncia contra Bolsonaro quer prendê-lo por golpe não consumado e relata caminho do crime”
Sim, temos tentativa de homicídio, tentativa de furto e de assalto e tentativa de golpe. Está tudo previsto nas leis e em textos que o próprio jornal de Leali publica.
Mas o jornalismo é criativo. Para me sentir mais seguro, vou esperar a opinião de William Waack.
(Esta semana, também tivemos essa chamada de capa: “Estadão lança coluna de Alice Ferraz em evento no Fasano”. O jornalismo se faz também no Fasano. E ademã que eu vou em frente.)
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas 'Todos querem ser Mujica' (Editora Diadorim)
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