A Primeira Turma do STF aceitou a denúncia contra Naçoitan Leite por incitação ao crime


cartacapital.com.br
Wendal Carmo Repórter do site de CartaCapital

3–4 minutos


O ex-prefeito de Iporá Naçoitan Araújo. Foto: Reprodução
O ex-prefeito de Iporá Naçoitan Araújo. Foto: Reprodução

Ex-prefeito de Iporá (GO) Naçoitan Leite (sem partido) virou réu no Supremo Tribunal Federal por incitação ao crime após defender a “eliminação” de Lula (PT) e do ministro Alexandre de Moraes durante as eleições de 2022.

A Primeira Turma da Corte acolheu a denúncia do Ministério Público Federal. Leite gravou e distribuiu um áudio com as declarações em grupos de WhatsApp com ruralistas do estado. Na gravação, ele conclamava seus interlocutores a “eliminar” Moraes e Lula.

“Até a nossa liberdade está em jogo também. Dois homens estão acabando com o Brasil. Vai virar uma guerra civil por causa de dois homens. Então, vamos arregaçar as mangas”, declarou também, na ocasião.  

Relator do caso no Supremo, Moraes considerou que as declarações do pecuarista estão relacionadas ao movimento que culminou com a depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de Janeiro de 2023. Segundo o ministro, o áudio de Naçoitan tem conexão com ao menos três inquéritos: o das fake news, o das milícias digitais e o que investiga quem incentivou a “prática dos lamentáveis atos antidemocráticos”.

A defesa do ex-prefeito ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.

Aquela não foi a primeira vez que Naçoitan utilizou as redes sociais para incitar crimes contra adversários políticos. Em março de 2022, por meio de um vídeo distribuído pelo Whatsapp, ele afirmou: “PT com nós (sic) aqui agora é na botina, e se for preciso na bala, entendeu?”.

O pecuarista também possui um histórico criminal extenso. Em novembro de 2023, Naçoitan, que estava em seu segundo mandato consecutivo, invadiu uma casa com sua caminhonete e disparou ao menos 15 tiros contra a ex-mulher e o namorado dela na cidade da qual era prefeito. As vítimas se esconderam e conseguiram sair ilesas.

Ele se entregou à polícia após quatro dias foragido. Em depoimento, afirmou ter misturado bebida alcoólica e remédios na noite anterior ao crime. A Justiça tornou Naçoitan réu por tentativa de homicídio e fraude processual – este crime foi tipificado porque, após a invasão à residência da ex-mulher, o político ainda tentou furtar imagens de câmeras de segurança.

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