O primeiro e incontestável recado dado por Lula é de que o governo é dele e não será transformado em refém
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Oliveiros Marques
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Lula e Gleisi (Foto: Reprodução) |
A política é feita de gestos, mais do que palavras. Na maioria das oportunidades, as atitudes na política transmitem mensagens mais fortes e objetivas do que os discursos. E foi essa a aula que o presidente Lula deu no dia de ontem ao confirmar a indicação da deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria de Relações Institucionais, órgão que funciona dentro do Palácio do Planalto e é responsável pela articulação política não só com o Congresso Nacional, mas também com outros setores.
O primeiro e incontestável recado dado por Lula é de que o governo é dele e não será transformado em refém. Comunicou claramente ao “mercado” e a setores da política que foi ele quem apareceu na urna em 2022, e que foi o seu projeto de governo e de país o eleito pela maioria do povo brasileiro naquela oportunidade.
Outro recado, igualmente importante, é que ele é candidatíssimo à Presidência da República em 2026. Está reforçando seu entorno no Palácio com um quadro político de extrema competência e experiência no comando de uma campanha presidencial.
Acompanhei algumas “análises” durante o dia de ontem dizendo que o principal motivo da indicação de Gleisi foi o fato de ela ser de absoluta confiança de Lula. É óbvio que Gleisi é de confiança do presidente. Sua postura durante o processo de prisão, comandando o PT na defesa da inocência de Lula, não poderia ter gerado outra relação.
Contudo, esses “analistas” esqueceram de dizer que ela atuou por anos junto à Comissão de Orçamento do Congresso como assessora da bancada do PT na Câmara dos Deputados, que foi secretária municipal e estadual, diretora financeira de Itaipu Binacional, senadora da República, deputada federal e ministra da Casa Civil. Um currículo que não pode ser desprezado em uma análise séria.
E é esse currículo que desmonta outra grande bobagem contida nessas “análises”: a de que a nova ministra representaria uma derrota para Haddad, sendo um contraponto ao ministro da Fazenda. Só quem não conhece o modus vivendi real dos debates internos do PT, ou quem age com má vontade ou mau caráter, pode afirmar que Gleisi se prestaria ao papel de implodir seu próprio governo com um debate irresponsável e fora do ambiente adequado.
Ora bolas, se ela é a responsável pela articulação política, é lógico que participará do debate interno sobre a política econômica, assim como da política ambiental, de saúde, educação, assistência social, emprego. De todas as áreas. Para fazer a articulação, é óbvio que ela tem que participar de todos os debates. Ela será ministra, não mensageira do governo para o Congresso, muito menos despachante dos parlamentares.
Agora, quem já a acompanhou nos espaços por onde passou sabe que determinação e percepção do papel a cumprir são suas principais características. Portanto, aos analistas que apostam em ruído, sinto lhes informar: perderão.
Oliveiros Marques
Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas
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