Relator afirma que não vai acolher mudanças; deputado Rubens Pereira Jr. destaca que a votação será um teste político contra os super ricos 


iclnoticias.com.br
Felipe Rabioglio 
4–5 minutos


Por Cleber Lourenço

Arthur Lira, relator do projeto de isenção do Imposto de Renda na Câmara, tem repetido em conversas reservadas que não incluirá nenhuma emenda no texto. A decisão, já consolidada nos bastidores, retira o espaço para acordos na fase de relatoria e empurra a batalha para o plenário: quem quiser alterar o conteúdo terá de apresentar destaque, buscar votos abertos e assumir politicamente a autoria das mudanças.

A postura de Lira não é apenas técnica — é diretamente motivada pela pressão crescente da sociedade e pela mobilização nas redes sociais. Nos últimos dias, o debate ganhou intensidade nas plataformas digitais após as manifestações em defesa da medida, elevando o custo reputacional de parlamentares que eventualmente tentassem esvaziar os mecanismos de compensação fiscal.

Em uma conversa com o ICL Notícias, o deputado Rubens Pereira Jr., que presidiu a comissão que avaliou a proposta na Câmara, resumiu o clima: “Toda população está acompanhando a votação desse projeto. A pressão nas redes está enorme. Vai ser uma votação decisiva para mostrar quem está do lado da população ou dos super ricos. Quem for contra o povo vai pagar o preço nas urnas.”

A estratégia de parcelas da oposição, até aqui, foi distinta: aprovar a isenção de forma rápida e, ao mesmo tempo, tentar esvaziar as medidas de compensação — medidas essas que envolvem tributações sobre rendas mais altas e mecanismos financeiros. O cálculo político passa pela expectativa de que parte do eleitorado não faça a correlação direta entre a supressão da compensação e os impactos fiscais subsequentes, deixando o governo na posição de obrigar o presidente a vetar trechos sensíveis.

Mas a equação mudou diante do cenário digital. Segundo relatos de bastidores, alguns deputados do Centrão, isoladamente, passaram a avaliar que o risco político de aparecer como responsável por fragilizar a proposta supera eventuais ganhos corporativos ou setoriais. A percepção é de que as redes funcionam hoje como um amplificador imediato de responsabilização: movimentos, hashtags e menções públicas podem transformar um destaque técnico em um problema eleitoral.

Movimentos de Lira

Ao fechar o relatório e recusar a inclusão de emendas, Lira força uma exposição direta das bancadas. Não existe mais a desculpa do relatório que “foi modificado por sugestão técnica”: cada voto em destaque ficará registrado e poderá ser cobrado nas urnas. Para o governo, essa dinâmica é vantajosa, porque permite associar a defesa da isenção à necessidade de preservar mecanismos que garantam equilíbrio fiscal. Para a oposição que busca cortes na compensação, torna-se mais difícil agir sem pagar um custo público.

A votação em plenário, portanto, será mais do que uma disputa parlamentar: será um termômetro político. Está em jogo não apenas a arquitetura do projeto, mas também a capacidade das redes sociais de influenciar decisões legislativas em tempo real. Se a proposta for aprovada no formato atual, ficará demonstrado que a pressão pública conseguiu limitar manobras capazes de desfigurar o texto; se surgirem destaques bem-sucedidos, virá à tona quem bancou as mudanças e qual o preço político cobrado pelos eleitores.

A partir de agora, a disputa se dará voto a voto, ao vivo — e com o eleitor observando cada movimento.

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