Mesmo com espaço na Esplanada, apoio do Centrão segue condicionado a emendas e recursos – e, ainda sim, não garante fidelidade política

- Governo brasileiro busca ampliar bancadas no Congresso em 2026 devido à dificuldade em obter apoio consistente para sua agenda.
- Parlamentares do Centrão relatam que cargos no governo não garantem apoio nas votações, intensificando negociações pontuais por recursos.
- Tensão entre Executivo, Legislativo e STF agrava cenário, com congressistas percebendo pressão e defendendo autonomia parlamentar.
Nos bastidores do Congresso Nacional, a avaliação predominante tanto no governo quanto entre parlamentares do Centrão é de que o Planalto deve apostar na ampliação de suas bancadas nas eleições de 2026, diante da dificuldade de construir uma maioria sólida e previsível no Legislativo. O diagnóstico é de que, mesmo após a distribuição de cargos e a abertura de espaço para partidos na Esplanada dos Ministérios, a fidelidade política não se consolidou.
A Fórum ouviu parlamentares do Centrão na última quarta-feira (17), que reconheceram que a presença de siglas formalmente oposicionistas em postos estratégicos do governo não se traduziu em apoio consistente nas votações. Ao contrário, reforçou uma dinâmica de negociações pontuais, voto a voto, na qual o alinhamento depende menos de convergência programática e mais da liberação de recursos e da execução de emendas — movimento ao qual o governo tem resistido.
Esse cenário se intensifica em meio à disputa em torno do Orçamento, cuja votação está prevista para esta sexta-feira (19) e que se consolidou como o principal instrumento de barganha do Legislativo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a atuar pessoalmente para destravar pautas fiscais sensíveis, como o Projeto de Lei Complementar (PLP) 128, aprovado na mesma sessão do Projeto da Dosimetria, após sua ida ao Congresso. Haddad também tem participado diretamente das articulações para viabilizar a aprovação do Orçamento.
A tensão política é agravada pela percepção, entre parlamentares, de que o Congresso tem sido pressionado simultaneamente pelo Palácio do Planalto e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Deputados e senadores de oposição avaliam esse contexto como oportunidade de ampliar seu poder de barganha, condicionando votações e impondo derrotas ao governo.
Os congressistas ouvidos pela Fórum falaram em “atropelos institucionais” e apontaram decisões do STF relacionadas a transparência, sob relatoria do ministro Flávio Dino, como interferências diretas na autonomia do Legislativo. Esse sentimento tem alimentado reações políticas que se expressam em votações contrárias ao governo, discursos mais duros e uma retórica de defesa das prerrogativas parlamentares.
No centro da crise está a leitura de que o governo perdeu o “timing político” para uma repactuação mais clara das regras do jogo institucional. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez referência ao tema na última quinta-feira (18). Em café com jornalistas, ele afirmou que o Congresso “tem o direito de fazer as coisas”, mas ressaltou que o Executivo também “tem o direito de vetar”, definindo o embate como parte do funcionamento normal do sistema político.
“Se houve acordo com o governo eu não fui informado”, adiantou Lula. “O Congresso tem direito de fazer as coisas. Eu tenho o direito de vetar, é assim que é o jogo”, continuou.
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