Antonio Mello
Muita gente diz que não adianta insistir na candidatura de Lula porque ele foi condenado em segunda instância e pela Lei da Ficha Limpa está inelegível.
Em primeiro lugar, a Constituição diz que ninguém pode ser preso ou ter seus direitos de cidadão cassados, sem que o caso tenha transitado em julgado. Lula ainda pode recorrer da sentença em instâncias superiores - STJ e STF.
Logo, numa interpretação estrita da Constituição, ainda pode ser candidato e eleito. Para isso, basta que a Constituição seja aplicada.
Ah, mas o Judiciário faz parte do golpe. "É com o Supremo, com tudo". Sim, mas vários ministros já se manifestaram no sentido de "ouvir a voz das ruas". E a voz das ruas, a cada nova pesquisa, mostra o crescimento da candidatura Lula. O povo percebe que só Lula pode dar um jeito no país.
O golpe, como o câncer, evolui. O STF também muda de opinião. E já há consenso entre eles sobre proibir prisão após segunda instância, que eles mesmos aprovaram anteriormente, e só ainda não foi colocado em julgamento pela ministra Cármen. Mas ela deixa a presidência em setembro.
O agravamento da crise pode fazer com que não apenas a prisão como a lei da Ficha Limpa se adéquem à Lei Maior. E Lula pode sair da prisão e concorrer normalmente.
Porque a crise está mostrando que um governo sem legitimidade não pode resolvê-la. Acordos não são cumpridos, como mostra de sobra a paralisação dos caminhoneiros.
Um governo espúrio, conquistado sob golpe, comandado por uma quadrilha, não tem condições de tirar o país do atoleiro em que se encontra, a caminho da anomia, do caos social.
Só as eleições diretas, com o povo nas urnas podendo votar nos seus candidatos (Lula entre eles) pode trazer a normalidade democrática ao país.
Porque uma eleição sem o favorito destacado nas urnas é fraude.
Blog do Mello